São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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"Nordestern" retoma com Glauber e novos

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O "nordestern", rótulo de Glauber Rocha para o bangue-bangue social do cangaço, volta com sede de vingança. Começa hoje, às 20h, uma jornada com sete longas e três curtas-metragens do gênero.
A mostra "Guerreiros do Sol", no Instituto Cultural Itaú, apresenta na abertura a pré-estréia do filme "Corisco e Dadá", do cearense Rosemberg Cariry.
Depois de ter sido lançado neste ano no Festival de Cinema de Fortaleza, a fita passou com destaque por Gramado e esteve no pacote de longas que reintroduziu o cinema brasileiro no circuito de Paris.
Com direção de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, o filme vai contar a saga de Benjamim Abrahão, uma espécie de "homem de marketing" do bando de Lampião.
Além do novíssimo ciclo de produções, a mostra reapresenta clássicos do gênero, como "O Cangaceiro" (53), de Lima Barreto, e o sertão barroco de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (63), de Glauber.
Mazzaropi
Até o bando de Mazzaropi acabou indo em direção ao cangaço. A comédia "O Lamparina" relata a viagem de uma família de caipiras paulistas que tenta, na contramão da corrente migratória, arrumar emprego no Nordeste.
O bando é confundido com um grupo de cangaceiros e passa a ser enxotado pela polícia.
O diretor João Batista de Andrade exibe "O Homem que Virou Suco" (79), um cordel eletrônico a 24 quadros por segundo.
Uma das cenas inesquecíveis do filme pode ser revista hoje como uma pré-vingança contra a globalização da economia: é o assassinato de um patrão de uma multinacional por um operário da periferia do capitalismo, em São Paulo.
A jornada tem ainda um encontro surreal entre Lampião e Lamarca, no filme "Porta de Fogo" (84), de Edgar Navarro.
A mostra mescla delírios como este e o didatismo de documentários como "Memória do Cangaço (1965)", de Paulo Gil Soares.

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