São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Alley X Valley

MARIA ERCILIA
DO UNIVERSO ONLINE

"Por que a Wired odeia Nova York" é a manchete da última edição da "Paper", uma revista local nova-iorquina. Esse é apenas mais um capítulo da disputa de poder em torno da Internet que vem sendo travada entre Nova York e San Francisco.
Na "Paper", o editor da "Wired", Louis Rossetto, diz que Manhattan está "cansada", porque as pessoas que moram lá ainda acreditam que estão no centro do universo.
Obviamente, a candidata da "Wired" a centro do mundo é San Francisco. A cidade californiana é o berço natural de todas as coisas internéticas, por ter o Silicon Valley logo ali do lado.
Esforçada, Nova York inventou uma resposta ao vale: a Silicon Alley, um amontoado de jovens empresas ligadas à Internet na região do Soho e de Chelsea.
Lá, jovens entre vinte e poucos e trinta e poucos anos se amontoam em lofts com seus PCs e emaranhados de linhas telefônicas.
Só que, enquanto na novidadeira Califórnia a Internet é estrela, em Nova York é uma priminha pobre.
A cidade não se notabiliza pela tecnologia e, em termos de mídia, já tem nomes consolidados, que não têm a menor pressa de molhar os pés nas águas digitais. A "New Yorker", por exemplo, até hoje não têm edição digital.
Em uma coisa Rossetto tem razão: Nova York é arrogante demais para admitir que se deixa levar pelas novidades da Califórnia, mas não quer perder o bonde nem a pose.
E aqui e ali até conseguiu um certo pioneirismo. A Thinking Pictures, empresa que começou em 1994, na produção de CD-ROMs, foi a primeira a colocar um show ao vivo na Internet, o dos Rolling Stones. A partir daí, largou a produção de CD-ROMs para se dedicar exclusivamente à Internet.
Olivier Pfeiffer, sócio da Thinking Pictures, lembra que foi difícil vender a idéia ao marketing da banda.
"Ninguém sabia direito o que era a Internet. Mas, mesmo que o show não tenha tido uma audiência enorme, recebeu muita atenção da mídia."
A Thinking Pictures (www.thinkpix.com), instalada num loft no bairro de Chelsea, tenta levar adiante agora o projeto de uma rede de rock, a Rock.com.
Uma das poucas empresas nova-iorquinas de Web a investir em desenvolvimento de tecnologia, seu principal produto é o RockPipe, uma ferramenta de áudio e vídeo que dispensa o uso de plug-ins (programas adicionais).
A Site Specific (www.sitespecific.com), empresa de marketing e propaganda na Web, também decolou a partir de um único projeto que deu certo. Seth Goldstein, seu presidente, ganhou a conta da Duracell há dois anos e resolveu fundar a empresa, que dobrou o número de empregados entre junho e setembro (tem agora 37).
Mas a petit Stephanie Syman, 28, talvez personifique o que Nova York afinal sabe fazer de melhor: mídia de qualidade e crítica cultural. É editora do zine "Feed" (www.feedmag.com), juntamente com David Johnson, numa empresa que tem exatamente um empregado.
Syman e Johnson mantêm a pretensão num nível saudavelmente baixo e talvez por isso estejam tão tranquilos com o resultado de seu microempreendimento.
Já estão com a publicidade vendida até o fim do ano e têm orçamento de marketing zero.
"Estamos muito mais preocupados com conteúdo que com efeitos especiais", afirma Syman.
"Não há tanta novidade assim na Web -o importante ainda é ter personalidade e qualidade."
E-mail: netvox@uol.com.br

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