São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Mostra recebe 2.600 pessoas na abertura

DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro fim-de-semana da 23ª Bienal Internacional de São Paulo foi marcado por pouco público.
Segundo números divulgados pela organização do evento, cerca de 2.600 pessoas estiveram ontem no pavilhão Ciccillo Matarazzo, no parque Ibirapuera.
Estavam sendo esperadas 10.290 pessoas, capacidade diária máxima do Espaço Museológico, área onde estão os trabalhos de artistas como o espanhol Pablo Picasso, o norueguês Edvard Munch e o norte-americano Cy Twombly.
A assessoria de imprensa da Bienal informou no sábado que 800 pessoas haviam sido convidadas para a festa de abertura oficial da exposição. Ontem, divulgou o número de 4.000 presentes.
A estrela Kapoor
A inauguração foi marcada pelos estrelismos do anglo-indiano Anish Kapoor. O artista permaneceu toda a tarde de sábado em seu estande, andando impacientemente de um lado ao outro, corrigindo problemas de iluminação.
Reflexos indesejados era o que mais incomodava o artista.
Reclamou, por exemplo, do brilho emanado pela instalação de Christian Lemmerz, representante da Dinamarca.
A organização instalou, então, um tapume branco para evitar os reflexos.
Kapoor reclamou ainda dos movimentos de uma das esculturas de Tomie Ohtake. Graças a um motor, a obra gira, suspensa, sobre uma das peças de Kapoor.
A escultura teve seu movimento interrompido por momentos na noite de sábado. No domingo, ela não funcionou.
Desrespeito
A grande preocupação da organização da Bienal é o desrespeito do público às obras de arte.
A instalação de Louise Bourgeois "Cell Clothes" (célula de roupas), que é constituída por roupas penduradas por fios de náilon, foi alvo de brincadeiras. Muitos visitantes mexiam nas peças ou nas esculturas que imitam pedaços de corpos.
Já a instalação "Ice Towers", da norueguesa Marianne Heske, que exige a participação direta do visitante (ele deve entrar nas torres e mexer em suas paredes de gelo), foi muito vista, mas pouco tocada.
Outro problema no comportamento do público, segundo a Bienal, foi o excesso de fumantes. O fumo é proibido em todos os andares do pavilhão.
Muitos fumantes, quando advertidos, jogavam os cigarros no chão. Depois de avisado da proibição, um fumante, que estava no terceiro andar do prédio, jogou os restos do cigarro que fumava no vão de onde podem ser vistos os trabalhos de Anish Kapoor.
O norte-americano é um dos expoentes do expressionismo abstrato. Suas telas lembram rabiscos e inscrições infantis.
"Não é meu tipo de pintura. Vejo apenas pelo valor histórico", disse o executivo Paolo Gramaccioni, um dos poucos visitantes que se detiveram diante das obras de Twombly.

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