São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996 |
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'Vestígios' vive de tensões
INÁCIO ARAUJO
"Vestígios do Dia" não ajudará o espectador a conhecer a Inglaterra atual, como quase sempre, mas a preocupação de Ivory não é essa. Pelo contrário. O passado, aqui, nos remete à tensão entre hierarquia e sujeito. A saber: Anthony Hopkins faz um mordomo a caráter, que parece não ter nenhum em si, exceto existir para seu patrão. Nesse mundo parasitário, cadavérico, Emma Thompson entra com um tanto de modernidade, vida própria e aspirações pessoais. A tensão que Ivory controla muito bem, o tempo todo, diz respeito à hipótese de o mordomo sentir-se atraído pela moça, assim como ela se sente por ele. Na verdade, é como se Emma tentasse tirá-lo de um poço, despertando nele uma alma que existe, apesar de tudo, soterrada sob os escombros de uma ordem imperial já corroída (não por acaso, seu patrão é um nobre ligado aos fascistas). Dois atores de primeira e uma boa ambientação garantem ao filme a difícil meta pretendida: ocupar um espaço entre a vida e a morte, sem perder o equilíbrio. (IA) Texto Anterior: Bienal 96! Trocadilho com Picasso não vale! Próximo Texto: Olhar feminino; No horário certo; Sem espaço; A volta de Blota Índice |
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