São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Prêmio Nobel é concedido a estudo sobre imunologia

DA REPORTAGEM LOCAL

O suíço Rolf Zinkernagel, 52, e o australiano Peter Doherty, 55, foram os ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia, anunciado ontem pelo comitê do Instituto Karolinska (Suécia).
Ambos receberão o prêmio de US$ 1,12 milhão pela descoberta de como as células T do sistema de defesa do organismo respondem a um organismo "estranho" ao corpo -uma bactéria ou um vírus, por exemplo.
O estudo tem duas implicações principais: explica por que normalmente há rejeição de órgãos transplantados e por que o organismo não ataca a si próprio, fenômeno chamado auto-imunidade.
A descoberta
O estudo que os levou a receber o Nobel foi feito entre 1973 e 1975, quando ambos trabalhavam no John Curtis School of Medical Research, em Canberra (Austrália).
O sistema de defesa do organismo é formado por vários tipos de células, entre elas, células chamadas macrófagos -capazes de "engolir" e "digerir" antígenos-, e os linfócitos B e T.
Antígenos são substâncias que o corpo reconhece como estranhas -por exemplo, um vírus ou uma bactéria- e que desencadeiam a resposta imune, normalmente a produção de anticorpos.
Os cientistas descobriram que, para haver produção de anticorpos pelos linfócitos T, é necessária a presença de um conjunto de substâncias chamadas complexo de histocompatibilidade (MHC).
Segundo o virologista brasileiro Amilcar Tanuri, que atualmente trabalha nos Centros de Controle de Doenças dos EUA (CDC), quando um vírus (antígeno) entra no organismo, as células chamadas macrófagos o capturam e o digerem. "Os pedacinhos do antígeno degradados são 'jogados' para a superfície da célula e se associam ao MHC. Só então são apresentados aos linfócitos T."
As células T possuem em sua superfície uma espécie de "fechadura", capaz de se ligar a "chaves" específicas. A "fechadura" é chamada receptor. No caso dos linfócitos T, eles só são capazes de reagir e produzir anticorpos na presença de duas chaves simultaneamente: os "pedaços" de antígeno e o MHC.

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