São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Uma casa de loucos

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Ou o governo se transformou em estrutura de apoio ao suposto assalto aos cofres públicos, representado pela candidatura Celso Pitta, ou não passa de uma casa de loucos.
É a conclusão inevitável a tirar do balé reeleição/sucessão paulistana, ensaiado pelos ministros Sérgio Motta e Luiz Carlos Santos.
Vamos por partes:
1 - pouco antes do primeiro turno, Sérgio Motta afirmou que o prefeito Paulo Maluf queria eleger Pitta para continuar "assaltando os cofres públicos".
2 - Imediatamente depois do primeiro turno, Luiz Carlos Santos, tão ministro (supõe-se) como Motta, diz que foi liberado pelo presidente para vir encontrar-se com Maluf e oferecer um apoio velado a Pitta.
Afinal, se Luiz Carlos acha que o governo não pode apoiar o "retrocesso" que seria a vitória petista em São Paulo, está dizendo que o governo apóia o que Motta diz ser uma tentativa de continuar "assaltando os cofres públicos".
Ou, então, caímos na hipótese 2: o que o ministro Sérgio Motta diz não é levado a sério nem pelos seus companheiros de governo, inclusive e principalmente pelo presidente da República.
Não obstante, Sérgio Motta continua ministro e, ainda por cima, é o responsável pelo mais suculento filão de negócios deste final de século em todo o mundo, que é o setor de telecomunicações. Você confiaria tal responsabilidade a alguém que não leva a sério?
Bem feitas as contas, o mais provável é que haja uma terceira hipótese, a mais realista, ao menos aos olhos da maioria do público: político é tudo farinha do mesmo saco.
Quando na oposição, ainda guardam uma certa coerência de posições e atitudes.
Uma vez instalados no poder, fazem o diabo para nele permanecer, mesmo que signifique transmitir a sensação de vale-tudo.

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