São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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PSDB adia decisão sobre apoio e quer que PT ajude Covas em SP

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

A Comissão Executiva do Diretório Municipal do PSDB decidiu ontem jogar para o dia 18 a decisão sobre que posição adotar no segundo turno do pleito em São Paulo, mas a tendência nítida é pela neutralidade entre Celso Pitta (PPB) e Luiza Erundina (PT).
Na reunião de ontem, nenhum dos membros da Executiva, a principal instância partidária na cidade, manifestou-se pelo apoio a Pitta. O que significa que o PSDB, na prática, discute apenas a neutralidade ou o apoio a Erundina.
O presidente do PSDB da capital, deputado estadual Paulo Kobayashi, diz que o partido eliminou três das cinco posições possíveis:
1 - Apoio a Pitta. "O Diretório Municipal não vai contrariar a história do partido, de oposição a Maluf", diz Kobayashi.
2 - Conversar com o PT sobre governo de coalizão. O PSDB paulistano acha que não vale a pena expor-se em troca de cargos, o que não significa que, eleita Erundina, o tema não ressurja depois do segundo turno.
3 - Voto nulo.
Restam, portanto, apenas duas, cada uma delas com uma variante. Pode haver apoio a Erundina, "total, inclusive subindo aos palanques, ou restrito", mais verbal do que prático, diz o presidente dos tucanos da cidade.
Ou pode haver a liberação da militância, também subdividida em total ou parcial.
Para apoiar Erundina, o PSDB tende a jogar na negociação a oposição da bancada petista, na Assembléia Legislativa, a projetos de interesse do governo Mário Covas.
Se o PT aceitar flexibilizar a sua oposição, ficaria menos difícil um apoio institucional do PSDB.
Mas essa parece ser uma hipótese muito remota, conforme avaliação obtida pela Folha junto aos deputados estaduais tucanos.
Além de lamentarem o que chamam de oposição terrível do PT ao governo Covas, os parlamentares peesedebistas lembram que a maior parte da bancada petista é formada por representantes do interior e não da capital.
Não haveria, portanto, motivo para mudarem de comportamento em função de uma eleição que não os envolve diretamente.
É por isso que a hipótese de neutralidade oficial do partido é a de mais alta probabilidade.
Desculpa clássica
A nota oficial distribuída pela Executiva do PSDB após reunião ontem pela manhã dá a clássica explicação (consultar as bases) para a decisão de remeter para o dia 18 a posição definitiva.
Diz a nota que, até aquela data, a Executiva "estará em permanente contato com os segmentos partidários, como os diretórios zonais, interzonais, núcleos e bancadas parlamentares".
O presidente do partido na capital, deputado Paulo Kobayashi, desautoriza "qualquer filiado a manifestar-se isoladamente em nome do PSDB" até a decisão final.
Advertência que chegou tarde porque já houve manifestações isoladas e em direções opostas: o vereador eleito Pierre Alexandre de Freitas aderiu à candidatura Pitta, enquanto o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Emerson Kapaz, liberou Erundina para anunciar que tem o seu apoio.

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