São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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A guerra continua

CARLOS SARLI

Uma rotina militar acompanhou os protagonistas da história a seguir, nos últimos meses. No papel de sargento durão e determinado, Pierre Chofard, e, no de soldado meio-anarquista-meio-cinegrafista, Luiz Henrique Santos, o Sabiá.
O roteiro começa há menos de um ano, quando souberam da programada realização do primeiro Campeonato Brasileiro de Skysurfe. Objetivo? Formar uma dupla competitiva.
Esporte exclusivo, não passa de 500 o número de praticantes em toda nave-mãe. Para este primeiro evento nacional, em janeiro passado, foram reunidas sete duplas. Os dois venceram mole e mereceram elogios dos juízes, americanos experientes no surfe do céu.
Partiram para vôos mais altos. Intensificaram os treinamentos e passaram a acompanhar as etapas do Mundial. Após um oitavo lugar conquistado na Espanha, foram convidados, como "alternates", para os Extreme-Games.
Na semana passada, já promovidos de patentes, os dois definitivamente integraram a elite. Em um esporte em que a simples prática define um universo privilegiado, antes de mais nada pela coragem, eles alcançaram o quinto lugar na etapa do Mundial, disputada em Perris, Califórnia.
Chofard está de volta ao Brasil e aproveita para se dedicar, entre outras coisas, ao jiu-jitsu e à formação em pára-quedismo, TR4. Já o Sabiá me ligou da Califórnia: "Sabe o que eu acabei de fazer? Saltei do El Captain. Fiz o melhor salto de B.A.S.E Jump da minha vida".
Enquanto ele me contava o salto de mil metros da montanha rochosa de Yosemite Park, Califórnia, eu sentia a "vibe" de um cara que acabara de materializar um sonho.
O quinto lugar no Mundial poderia ser uma oportunidade para voltar e colher os louros da vitória. Foi apenas uma batalha. Logo, precisou ir para outro front, solitário, sem adversários, correndo o risco de ir em cana, pagar US$ 5.000 de multa e ter o pára-quedas apreendido. Acabou se dando bem.

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