São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996![]() |
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Festival tem sua noite mais jazzística
CARLOS CALADO
A abertura, com esse músico de apenas 23 anos, considerado o mais talentoso baixista revelado no cenário do jazz durante a última década, soa quase simbólica. Com um novo formato, que inclui quatro salas de espetáculo projetadas para gêneros musicais e públicos diferentes, o Free Jazz inaugura sua segunda década adaptando-se aos novos tempos. Nos últimos anos, os festivais de jazz só puderam crescer, ou mesmo se manter, ao abrirem seus programas a outras correntes musicais, inclusive o rock e o pop. O novo formato do Free Jazz já pressupõe essa diversidade. Ainda sem contar com o espaço Groove (voltado para ritmos mais dançantes), o festival inaugura hoje as salas New Directions, Main Stage e Club, com a noite mais jazzística desta edição. Além do eclético Christian McBride, cujo repertório vai do blues ao neobebop, incluindo até mesmo incursões acústicas pelo funk, a sala New Directions oferece hoje outro badalado músico da nova geração do jazz. Se com apenas 16 anos já era considerado um fenômeno musical, hoje, aos 22 anos, o trompetista Nicholas Payton é visto por alguns críticos como o próximo passo na linha evolutiva do trompete jazzístico -de Louis Armstrong a Wynton Marsalis. Payton reforça essa herança em seu último disco, "Gumbo Nouveau" (Verve/PolyGram), cujo repertório deve dominar pelo menos parte do show de hoje. Clássicos do jazz de Nova Orleans (a cidade natal de Armstrong, Marsalis e do próprio Payton), como "When the Saints Go Marching In", "Wild Man Blues" e "St. James Infirmary", são recriados pelo garoto sob a estética do jazz dos anos 90. Club Na sala Club, por outro lado, o programa de hoje combina jazz "mainstream" (o tradicional "swing" temperado com elementos mais modernos) e música popular brasileira. Quem abre a noite é Johnny Alf, um brilhante precursor da fusão de samba e jazz que, no final dos anos 50, desembocou na bossa nova. Sentado ao piano, o também cantor e compositor carioca estará em seu habitat natural. Já o trompetista norte-americano Clark Terry, 75, tornou-se um mestre em seu instrumento, depois de integrar orquestras de peso, como as de Duke Ellington, Count Basie e Lionel Hampton. Sempre bem-humorado, Terry gosta de divertir suas platéias, extraindo inusitados sons do trompete (ou do flugelhorn, instrumento que ajudou a popularizar), ou até mesmo cantando. Uma atitude que a maioria dos jazzistas mais modernos abandonou. Texto Anterior: Stephen King ressuscita seu 'heterônimo sem escrúpulos' Próximo Texto: Hancock diz que CD 'pop' não é comercial Índice |
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