São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Clínicas esperam cancelamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Clínicas de cirurgia plástica consultadas pela Folha já se preparam para uma redução de até 50% no número de pacientes, além do cancelamento de lipoaspirações já marcadas.
Para alguns cirurgiões plásticos e donos de clínicas, a complicação pré-operatória ocorrida com Cláudia Liz vai "assustar" muita gente que pensava em fazer intervenções plásticas, com as lipoaspirações, por exemplo.
"Isso aconteceu quando Clara Nunes morreu. Sempre acontece. Não tenho dúvidas de que a procura por clínicas vai cair pela metade", afirma Moacyr de Mello, dono de clínica há dez anos e cirurgião plástico há 20 anos.
Segundo Mello, essa fuga de potenciais pacientes é temporária, "mas é absolutamente normal".
Ewaldo Bolivar de Souza Pinto, cirurgião e professor de curso de pós-graduação, concorda que, temporariamente, o movimento em clínicas deverá cair.
Souza Pinto é um dos conselheiros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O médico Ewaldo de Souza Pinto, 35 anos de profissão e cerca de 3.000 "lipos" no currículo, afirmou que ontem uma de suas pacientes, com cirurgia marcada, ligou do Nordeste para dizer que não queria tomar anestesia geral, como combinado. Estava assustada com o caso da modelo e atriz.
Ele disse à paciente que o caso de Cláudia não havia ocorrido numa anestesia geral. Segundo médico, a paciente ficou "tranquilizada".
Outra paciente, disse Souza Pinto, também contou ontem estar sendo pressionada pela família a não fazer lipoaspiração.
"O fato é que a complicação não aconteceu durante a cirurgia, que nem sequer foi realizada."
O empresário Herbert Gauss, dono da clínica SP, também diz ter certeza de que o movimento deve cair nas próximas semanas.
"Isso acontece porque as pessoas vão recebendo informações interpretadas e, muitas vezes, equivocadas", afirmou.
"A cirurgia plástica é algo muito conhecido, que está na boca das pessoas no dia-a-dia. Com o tempo as pessoas entendem o que aconteceu e param de relacionar isso à cirurgia, de uma forma negativa", disse Gauss.
O cirurgião plástico Roberto Farina, 67, não faz previsão de quanto o movimento nas clínicas deverá cair. Ele disse que ontem ninguém havia desmarcado cirurgias já marcadas.

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