São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Lojas descartam promoção com 13º

Tendência é exigir entrada no ato da compra

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As promoções vinculadas ao 13º salário, nas quais o consumidor leva o produto para casa e só paga por ele ao receber a primeira parcela -tão frequentes no passado- quase sumiram neste ano.
O medo da inadimplência levou grandes redes de lojas a manter as formas tradicionais de financiamento. A idéia é incentivar o cliente a pagar uma entrada -por menor que seja- no ato da compra.
"A inadimplência dos clientes que compram sem pagar entrada é muito maior do que a daqueles que pagam a primeira parcela no dia da compra", diz Natale Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem.
Levantamento da rede de lojas, conta ele, mostra que, de cada cem clientes que adquirem uma mercadoria sem pagar entrada, 20 se tornam inadimplentes.
A Lojas Renner também decidiu manter, por enquanto, as formas atuais de pagamento. A rede parcela em até quatro vezes a compra do cliente. O crediário representa 90% do seu faturamento.
"Por enquanto, não faremos promoções vinculadas ao 13º salário", diz José Galló, diretor-superintendente. Segundo ele, o não-pagamento das dívidas dos clientes já foi maior, mas é bom não correr riscos.
Eldo Moreno, diretor comercial do Magazine Luiza, diz que as promoções que contam com o 13º salário são perigosas.
A rede de lojas decidiu neste ano oferecer condições especiais de financiamento ao cliente tradicional. "Esse vai poder comprar sem pagar entrada", afirma.
A empresa, continua ele, está alcançando as metas de vendas e, por essa razão, não pretende lançar outras modalidades de financiamento.
O crediário do Magazine Luiza se estende a 16 meses. A taxa de juros cobrada é de 6% ao mês. A empresa, diz Moreno, está mais rigorosa para aprovar o financiamento.
Supermercados
A diretoria da Apas (Associação Paulista dos Supermercados) está preocupada com o uso generalizado do pré-datado nos supermercados e com a inadimplência.
"Decidimos fazer levantamento com os supermercadistas para ver a participação do pré-datado no faturamento e a inadimplência", diz Firmino Rodrigues Alves, presidente da associação.
O volume de cheques sem fundos, conta ele, está crescendo rapidamente. A preocupação é tão grande, diz, que uma das perguntas feitas ao supermercadista é se ele pararia de trabalhar com cheques pré-datados se os concorrentes também parassem.
Na última pesquisa feita pelo Apas, em maio, as formas de pagamento financiadas -vale-alimentação, cheque pré-datado e cartão de crédito- detinham 53,8% da receita dos supermercados.
Na sua análise, esse percentual deve ter passado de 60% e a inadimplência deve ser 15% maior.
Firmino diz que os supermercadistas estão preocupados com o Natal, porque aumentou o uso de cheques pré-datados e isso compromete o 13º salário.

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