São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Jogadores de SP vão ter piso salarial

Acordo, inédito no Brasil, deve sair até fim do mês

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Deve sair ainda este mês a primeira convenção coletiva de trabalho dos jogadores de futebol da história do Brasil.
Quem está negociando o acordo são o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp) e o Sindicato dos Clubes Esportivos do Estado de São Paulo (Sindiclubes).
Nessa convenção devem ficar definidos pontos como data-base (1º de janeiro), piso salarial para a categoria e seguro contra acidentes de trabalho.
"Estamos tirando 48 anos de atraso", disse Fernando Moro, advogado do Sapesp, referindo-se à idade do sindicato.
"Acho que dentro de dez dias, se tudo correr bem, poderemos começar a aprontar esse acordo", completa Antonio Alcantara Machado Rudge, presidente do Sindiclubes.
Apesar de agora estar próximo, o acordo não foi fácil de ser atingido -nem mesmo é certo.
Para chegar a ele, o sindicato dos jogadores aceitou concentrar a discussão em 9 dos 26 pontos da pauta de reivindicação, aqueles que tratam mais especificamente de questões de trabalho.
Segundo Rinaldi Martorelli, presidente do Sapesp, os demais itens continuarão em negociação numa comissão permanente.
"Essas reivindicações são impossíveis de ser atendidas, até por uma questão legal. Eles querem fiscalizar a arrecadação. Isso mexe com a federação, que não é parte do processo", disse Pedro Proto, advogado do São Paulo e um dos negociadores do Sindiclubes.
Entre os pontos que ficaram, estão incluídos uma indenização permanente para jogadores que ficarem inutilizados para o esporte por contusão e a estabilidade.
O piso salarial, porém, é o que deverá produzir maiores mudanças no futebol.
O Sindicato pediu piso salarial de R$ 896,00. Durante a negociação, aceitou dividir o piso em três patamares, segundo a divisão que o clube disputa no futebol paulista. Esses números são o principal ponto que ainda falta ser fechado.
Mas Rudge acredita num consenso. "Não nos opomos a dar o que é direito dos jogadores. Só que os clubes estão numa fase difícil."
Mas, pelo estatuto do Sindiclubes, o acordo terá que ser ratificado em assembléia.

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