São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Convocação estranha

JUCA KFOURI

Em primeiro lugar é justo destacar que a convocação feita por Zagallo foi muito boa.
A inclusão de Cléber, Edmundo e, principalmente, de Djalminha, revelam a disposição em acertar.
Já a do goleiro Marcos, do Palmeiras, e de Marcelinho fazem pensar.
É inegável, para tentar ser justo novamente, que o palmeirense reserva de Velloso está mostrando ser mais um dileto pupilo de Valdir de Moraes -o melhor preparador de goleiros do país e que também deveria estar na seleção.
Mas, convenhamos, o jovem Marcos jogou poucas vezes e nem teve chance ainda de revelar todas as suas qualidades, até porque joga atrás da melhor defesa do Brasil.
Claramente chamado para ser reserva de Zetti, a que serve semelhante convocação? Para Zagallo provar que nada tem contra goleiros do Palmeiras, desde que não se chamem Velloso?
Se a convocação de Marcos ainda pode ser creditada a mais uma esquisitice zagalliana, a de Marcelinho é evidentemente uma brincadeira de mau gosto.
E por diversos motivos.
Jogando na sacrifício, o craque corintiano não vinha atuando bem, segundo sua própria avaliação.
Seu problema de púbis não é segredo faz tempo -e uma simples leitura de qualquer jornal paulista bastaria para que o iluminado Américo Faria fosse poupado de mais um papel ridículo.
Pior: a convocação de Marcelinho parece ter sido meticulosamente engendrada para calar a boca dos que, com razão, defendem um lugar para ele na seleção. Demagogia baratíssima, dada a inevitabilidade de sua dispensa poucas horas depois.
Zagallo, que andou se caracterizando antes do fracasso olímpico por algumas brincadeiras sem graça, deve ter aprontado mais uma para ficar rindo enquanto se recupera da virose que, provavelmente, atacou-lhe também o senso de oportunidade.
Enfim, menos mal que o amistoso contra a Lituânia ou nada é mais ou menos a mesma coisa -como foram, aliás, os amistosos preparatórios para os Jogos de Atlanta.
Mas aí são outros R$ 500 mil.
*
Bingo! O relator do processo de cassação de Marcos Chedid, deputado Benedito de Lira (PFL-AL), antes solícito, já não atende mais o telefone nem retorna as ligações. E o tempo passa...

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