São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Clinton carrega 26 funkeiros ao palco

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O músico norte-americano George Clinton, 55, considerado um dos pais do funk, é um fã do hip hop e da utilização de samplers (aproveitamento de bases instrumentais para a criação de novas músicas).
"Os músicos criticam o que o hip hop faz, sampleando o funk, mas não concordo com isso. Se nós, os funkeiros, sobrevivemos e voltamos ao sucesso agora, devemos isso ao hip hop, que fez com que não fôssemos esquecidos", disse o artista.
Ele sobe no palco Groove do Free Jazz hoje, no Rio, e amanhã, em São Paulo, carregando uma banda de 26 músicos.
Clinton ficou admirado ao saber que, no Brasil, funkeiros e rappers são grupos antagônicos -os rappers consideram os funkeiros alienados, com letras sem engajamento político.
"O hip hop é um filhote do funk e segue sua linha de engajamento político. A divisão é uma bobagem", disse.
Fora do mercado fonográfico há alguns anos, George Clinton acaba de gravar um novo disco pela Sony -"T.A.P.O.A.F.O.M - The Awesome Power of a Fully Operational Mothership". Mais uma vez, ele cita o hip hop como o responsável por seu retorno.
"O hip hop vai levar o funk a explodir neste fim de século. O rock também levou 20 anos depois de seu surgimento para acontecer. Nós, os funkeiros dos anos 70, estamos voltando com toda força."
Uma amostra da volta: George Clinton disse que esteve há poucas semanas com Prince (com quem já havia trabalhado nos anos 80) e os dois combinaram um trabalho conjunto para os próximos meses.
A intenção da dupla é se reunir no estúdio de Prince em Minneapolis "para ver o que acontece". Depois, querem fazer uma série de apresentações pelos EUA.
Clinton reconhece que nem todos os funkeiros dos anos 70 estão conseguindo voltar ao mercado fonográfico dos anos 90.
"Não entendo por que Sly Stone não consegue lançar mais nada. Ele continua produzindo com a mesma qualidade dos anos 70. Isso me incomoda um pouco, porque às vezes não consigo entender o mercado fonográfico", disse.
Para os shows no Brasil, Clinton fez uma promessa: vai tocar até ser retirado do palco.
Suas apresentações costumam durar em média três horas. Aqui, quer ainda mais -a intenção é transformar a apresentação num baile funk. "Só saio quando não me aguentarem mais".
"Vai depender do 'feeling' da platéia. Se quiserem dançar, dançarão. Se preferirem uma 'jam session', também terão", afirmou.

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