São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Ecletismo comanda segunda noite

CARLOS CALADO; ERIKA SALLUM
ESPECIAL PARA A FOLHA E FREE-LANCE PARA A FOLHA

Depois de uma abertura bastante jazzística, a versão paulista do Free Jazz mergulha hoje no ecletismo total.
Samba, choro, afro-pop, soul, funk, bossa nova e até jazz convivem nos quatro palcos do Galpão Fábrica.
Quem abre a noite, na sala New Directions, é o saxofonista carioca Zé Nogueira, que vem revigorando a tradição do choro e do samba instrumental de mestres como Severino Araújo, Jacob do Bandolim e Paulinho da Viola.
A variedade da noite se amplia ainda mais na sala Main Stage, com a presença do cantor africano Salif Keita. Com sua voz aguda e cortante, ele costura vários ritmos de origem afro.
Em entrevista coletiva realizada ontem, em São Paulo, Keita fez suspense sobre seu show: "Não quero falar tudo o que vai acontecer no espetáculo. Você tem de estar lá".
Sobre Chico César -com quem se encontrou pouco antes de falar à imprensa-, avisa que fará com que o cantor e compositor brasileiro suba ao palco. "Talvez faça, no futuro, algum trabalho junto com ele", adianta o africano.
A estréia da sala Groove, dedicada aos ritmos dançantes, também promete ser muito animada. Entre as bandas inglesas que recriam o pop negro dos anos 60 e 70, o Incognito e o James Taylor Quartet estão entre as melhores.
Rotulado de "acid jazz", o JTQ afirmou, na coletiva de ontem, que, se fosse para dar um nome a seu trabalho, seria "hammond funk", em alusão ao órgão Hammond.
"Não gosto nem um pouco do título de 'acid jazz', que não define muita coisa", disse o organista britânico James Taylor.
Segundo ele, o show do grupo será totalmente instrumental, e serão tocadas composições feitas nos últimos dez anos.
Talvez a maior revelação do jazz nos últimos anos, o multissaxofonista James Carter também combina tradição e modernidade.
Na última coletiva do dia, o músico James Carter falou que não acredita em categorias diversas dentro do jazz: "A música solidifica e une as pessoas, é uma linguagem que todo mundo compreende. Rótulos não são necessários".
(CARLOS CALADO e ERIKA SALLUM)

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