São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Ecletismo comanda segunda noite

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de uma abertura bastante jazzística, a versão paulista do Free Jazz mergulha hoje no ecletismo total. Samba, choro, afro-pop, soul, funk, bossa nova e até jazz convivem nos quatro palcos do Galpão Fábrica.
Quem abre a noite, na sala New Directions, é o saxofonista carioca Zé Nogueira, que vem revigorando a tradição do choro e do samba instrumental de mestres como Severino Araújo, Jacob do Bandolim e Paulinho da Viola.
Talvez a maior revelação do jazz nos últimos anos, o multissaxofonista James Carter, 27, também combina tradição e modernidade. Em seu repertório convivem blues, baladas, swing, bebop e free jazz, com sabor bem contemporâneo.
Se repetir tudo que exibiu durante o festival de Montreux, no ano passado, Carter vai deixar muita gente de queixo caído.
A variedade da noite se amplia ainda mais na sala Main Stage, com a presença do cantor malinês Salif Keita. Com sua voz aguda e cortante, ele costura vários ritmos de origem afro, como o juju nigeriano ou o zouk das Antilhas.
Quem o sucede no palco é o soulman norte-americano Isaac Hayes. Com um visual agressivo e arranjos sofisticados, que incluem a famosa guitarra "wah-wah", o cantor e compositor tornou-se um ícone do pop negro dos anos 70. E continua em forma, aos 58 anos.
A estréia da sala Groove, dedicada aos ritmos dançantes, também promete ser muito animada. Entre as bandas inglesas que recriam o pop negro dos anos 60 e 70, o James Taylor Quartet e o Incognito estão entre as melhores.
Os ingleses usam o rótulo "acid jazz" para ambas, mas elas soam bem diferentes. O Incognito faz uma mistura irresistível de funk, soul e R&B. Taylor também investe no soul-funk, mas adora recriar temas de velhos filmes policiais, como "Starsky & Hutch".
Já na sala Club, o jazz volta a dialogar com a música brasileira. Acompanhado por feras como Marco Pereira (violão) e Cristóvão Bastos (piano), Edu Lobo prova que essa convivência é harmônica há pelo menos quatro décadas.
Quem fecha a noite é o pianista Ellis Marsalis, 62, pai dos "jazz stars" Branford e Wynton. O trio do mestre de Nova Orleans promete alternar baladas e clássicos.

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