São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Diogo Pacheco pede demissão da Osesp

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O maestro Diogo Pacheco, 70, demitiu-se da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), da qual era regente assistente.
Em carta encaminhada aos músicos, ele afirma que sua missão se encerrou com a morte, aos 84 anos, em setembro, de Eleazar de Carvalho, que foi regente titular por quase 23 anos.
O secretário estadual da Cultura, Marcos Mendonça, nomeou para a direção interina da Osesp o diretor da Universidade Livre de Música -um órgão de sua secretaria- Aylton Escobar.
Mendonça se encontrava ontem na França, onde foi receber um prêmio a programas da TV Cultura. O secretário-adjunto da Cultura, Zélio Alves Pinto, lamentou a demissão de Pacheco e afirmou ter esperado que, após a morte de seu titular, a orquestra não sofresse novos traumas até o final da presente temporada.
Pacheco, por sua vez, procurado pela Folha, não quis fazer comentários. Reiterou que não se sentiria à vontade em prosseguir um trabalho no qual auxiliava seu antigo mestre de regência.
A informação que corre entre os músicos de São Paulo é a de que o que realmente ocorreu foi uma velada guerra de sucessão, na qual a Secretaria da Cultura sondava, no exterior, outros candidatos para a substituição de Eleazar.
Sentindo-se deferido quanto a um cargo para o qual se julgava o sucessor natural, Pacheco teria preferido se desligar definitivamente da sinfônica do Estado.
A sucessão de um regente deveria, em princípio, ser regida por um estatuto que a Osesp ainda não tem. Sua situação financeira e institucional tem sido invariavelmente precária.
Uma parte de seus músicos é assalariada da Fundação Padre Anchieta. Outros músicos eram funcionários do Baneser, órgão subsidiário do Banespa, que até o início do governo Covas contratava para o setor público funcionários com funções não reconhecidas ou com salários de mercado, superiores ao dos servidores de carreira.
Com o fim da folha de pagamentos do Baneser, no início de 1995, a orquestra improvisou outras formas para manter o vínculo com seus instrumentistas. Mesmo assim, eles continuaram com salários abaixo do padrão do mercado. Parte deles recebe menos de R$ 1.300 mensais.
A Sinfônica do Estado não possui sede própria. Exibe-se com maior frequência no Memorial da América Latina.
Deveria ser futuramente abrigada pelo Novo Teatro, uma instituição privada, projetada junto ao parque Villa Lobos, em Pinheiros (zona oeste). Mas o empreendimento ainda está na gaveta.
A Folha apurou que, com a morte de Eleazar e a demissão de Pacheco, a Secretaria da Cultura quer reestruturar não apenas a orquestra que ambos regiam, mas também a Jazz Sinfônica e outros conjuntos que atuam sob o Estado.

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