São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Demeulemeester mostra androginia

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Paris, grande mãe da moda, abre seus braços para todas as manifestações. Dois estilos de criação díspares como o do francês Christian Lacroix e o da belga Ann Demeulemeester são bons exemplos disso.
Os dois lançaram esta semana (ontem de manhã e anteontem à noite, respectivamente) suas coleções dentro da temporada do prêt-à-porter primavera-verão 97.
A belga foi um dos pilares do desconstrutivismo no início da década. Em seu repertório, roupas desestruturadas, quase desmontadas, de aparência desleixada.
Agora, a criadora aciona suas origens a serviço de uma androginia moderna.
Suas meninas tinham sobrancelhas ressaltadas, nariz levemente afilado com sombra marrom. O cabelo parece estar sem pentear há três dias, "bedroom hair".
Abriu com grandes camisões brancos, abotoados errado, com um ombro caído, revelando por baixo camisetas regatas. Um conjunto preto, de calça larga, cintura baixa e paletó largo obtém uma imagem de "terno de bêbado".
Os camisões viram também vestidos, usados com bota de camurça cor-de-pele que é desde já um hit para a temporada.
Tem sempre uma coisa caindo para Ann Demeulemeester. As calças, as mangas, alças falsas, às vezes juntas num mesmo vestido, que pode ser de couro ou de jérsei.
As gravatas dão lugar a camisas finas e justas, usadas também sob as telas, em efeito amassado. Tudo é branco, preto ou camelo.
Os homens de Demeulemeester são secos, minimalistas. Lembram, em estrutura, os paletós e calças de Helmut Lang, mas não tão duros. Cool como astros de rock.
Lacroix
Christian Lacroix montou uma passarela de tábuas de madeira clara na principal sala do Carrousel do Louvre para seu desfile de primavera-verão.
O estilista francês veio mais simplificado, menos barroco. O dourado e a excentricidade do visual CL foram substituídos por uma leveza de verão. Uma coleção romântica, como pedem os ventos para a próxima temporada.
A base é o princípio de que dia, noite e cocktail se misturam. As inspirações são a Provença do século 18 e o exotismo africano em cabelos, acessórios e estamparia.
Em termos de formas, Lacroix mostrou a profusão e o mix habitual. Casacos são variações do terno safári, com ombros bem marcados e levemente levantados junto a vestidões balonês francamente africanos, com bustiê tipo lastex e a grande saia partindo dele. Nesta seção, as cores são quentes: laranja, um pouco de vermelho, marrom, combinados a estampas de animais mais abstratas.

Hoje, excepcionalmente, a coluna Noite Ilustrada não será publicada.

Texto Anterior: Cézanne 1; Cézanne 2; Primavera; Cardápio
Próximo Texto: PLANETA FASHION
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.