São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996 |
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'Doces Poderes' desvenda bastidores de eleições
EVA JOORY
Com certeza é um filme polêmico. Mostra o dia-a-dia de uma equipe de TV na cobertura de uma campanha eleitoral. Uma jornalista (Marisa Orth) chega a Brasília para assumir a chefia da principal rede de TV do país. O antigo diretor foi chefiar uma campanha política. A jornalista encontra a redação semivazia, pois mais da metade dos profissionais se retiraram, sob as mais variadas desculpas. A falta de critério para ir trabalhar numa campanha eleitoral parece ser o único motivo que move os profissionais. Com "Doces Poderes" Murat aborda questões essenciais de toda uma geração. Interfere na realidade de um mundo específico, o dos jornalistas. Traz à tona o velho questionamento sobre o poder da mídia e o papel do jornalista. Assim, cria uma sutil disputa entre o bem e o mal: quem escolhe trabalhar pelo dinheiro, sem preocupações éticas, criando campanhas "mentirosas", ou quem escolhe a profissão para mostrar a verdade. Tudo parece ser um grande déjà-vu. A jornalista vê seu trabalho manipulado pela direção da emissora, mas é aconselhada a não criar caso; os deputados que apóiam os candidatos jogam sujo para manchar o nome dos políticos rivais; o jovem chefe de reportagem acredita nos poderes do veículo para o qual trabalha. Mas Murat conduz seu filme de forma despretensiosa e sem maniqueísmos. Paralelamente, traz o triângulo amoroso entre a jornalista (Orth), o chefe de reportagem (Tuca Andrada) e um antigo amor, um deputado casado (Antônio Fagundes). "Doces Poderes" celebra a volta do cinema nacional em plena forma. Tem ótimos desempenhos de Antônio Fagundes, Sérgio Mamberti e Tuca Andrada, e acerta na inclusão de Marisa Orth. Filme: "Doces Poderes" Direção: Lúcia Murat Elenco: Marisa Orth, Antônio Fagundes, Sérgio Mamberti, Tuca Andrada Onde: Espaço Unibanco 2 Texto Anterior: Trama é confusa Próximo Texto: 'Moll Flanders' vampiriza clássico Índice |
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