São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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'Moll Flanders' vampiriza clássico

MURILO GABRIELLI
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Os Amores de Moll Flanders" segue linha sempre em voga em Hollywood: a vampirização de clássicos da literatura.
Utiliza-se como desculpa a linha mestra do enredo uma obra consagrada -no caso, o romance de Daniel Dafoe- para a construção de um novo produto, com objetivos muitas vezes a léguas de distância do original.
A independência em relação ao modelo não é um mal em si. Kubrick, por exemplo, fez o mesmo em "2001" e "O Iluminado".
Aí, porém, produziram-se novas obras, cheias de novos significados, mostrando aquilo que o cinema pode mostrar, mas não a literatura.
Há criação, não uma mera tentativa de conquistar o público a priori com o título e o prestígio do original.
O diretor Pen Densham -mais acostumado com a produção ou a realização de telesséries- admite que o livro serviu de inspiração para divulgar suas idéias próprias sobre relações entre pais e filhos e o drama de crianças abandonadas.
Direção acadêmica
Moll Flanders (Robin Wright), nascida em uma prisão de mãe condenada à morte na Londres do século 18, tem uma vida atribulada, que enfrenta com altivez e independência.
Passa por colégio católico, casa de família nobre, prostíbulo e o ateliê de um apaixonado artista marginal.
Após sua morte, pede ao enigmático criado Hibble (Morgan Freeman) que entregue seu livro de memórias à filha, Flora, de quem separa logo após o nascimento.
Ao contar essa saga, Densham não oferece mais que uma direção acadêmica e pouco imaginativa, ainda que correta. Narra aquilo que deveria mostrar, não conseguindo criar personagens palpáveis ou cativantes.

Filme: Os Amores de Moll Flanders
De: Pen Densham
Produção: EUA, 1996
Com: Robin Wright, Morgan Freeman, Stockard Channing, John Lynch
Onde: Liberty, Iguatemi 2 e Olido 2

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