São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996 |
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McBride abre festival afirmando o groove
GUGA STROETER
O jazz que nas últimas décadas navegou por experimentalismos, fusões e reverências, nos dedos de McBride e seu quarteto, privilegia a batida. Ontem, na abertura do 11º Free Jazz Festival em São Paulo, em show que começou às 19h14, com catorze minutos de atraso, McBride, desde a opção do repertório -que passeou de "SKJ", de Milt Jackson, a "You've Got It Bad, Girl", de Stevie Wonder-, soube, mais uma vez, ser descendente direto da linhagem de contrabaixistas do mainstream como Jimmy Blanton e Ray Brown. Ele gosta de deixar claro que está imerso até o pescoço na aptidão de dominar as diversas tradições que desembocaram no caleidoscópio fracionado que se chama jazz. McBride não hesita: abre mão de demonstrar sua técnica em favor do suingue e se diverte sentindo-se cúmplice de seus colegas. Na sua composição de "Shade of the Cedar Tree", McBride atinge a hiperestesia. Na repetição de um "ostinato", ele nega o princípio da psicologia que afirma que, se um estímulo não varia, a tensão acaba por desaparecer. Neste caso, o mesmo tema hipnotiza o público e permite que cada um perceba a música e a realidade exageradamente. É, sem dúvida, um dos mais competentes "sideman" do momento. Como líder, como proponente de um caminho peculiar e pessoal da música, ainda há de demonstrar seu fôlego. Texto Anterior: Formigas oferecem movimento a Yanagi Próximo Texto: Hancock teve lotação esgotada Índice |
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