São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Negociação fracassou, afirma Arafat

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As negociações para a retirada israelense da cidade de Hebron fracassaram, segundo o líder palestino, Iasser Arafat. As negociações duraram uma semana e aconteceram em Erez, fronteira entre Israel e a faixa de Gaza.
Os israelenses discordam de Arafat. "Até agora, acho que houve uma disposição para ouvir os pontos de cada lado. Não precisamos necessariamente estar de acordo, mas uma troca séria de argumentos é muito importante para o processo de paz", disse o porta-voz do governo, Moshe Fogel.
Hebron foi o principal ponto das negociações desta semana. Dentro da cidade, vivem 400 colonos judeus entre mais de 100 mil árabes. O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, quer medidas para proteger esses judeus e propõe um sistema conjunto de segurança.
A cidade já deveria ter sido entregue à Autoridade Nacional Palestina (ANP), segundo os termos de acordo assinado por palestinos e israelenses.
Ainda na noite de ontem, um subcomitê deveria se reunir na fronteira para discutir questões econômicas entre Israel e palestinos. Os negociadores deveriam se encontrar em Jerusalém para definir um novo calendário de reuniões para a próxima semana.
Arafat se reuniu com representantes de 40 países que prestam ajuda aos palestinos e se queixou. "Preciso pedir ajuda urgente para salvar nossa situação crítica. É um verdadeira tragédia", disse.
Os palestinos atribuem a crítica situação financeira às restrições israelenses à entrada de palestinos que trabalham em seu território.
Israel anunciou que, a partir de domingo, vai relaxar as restrições. Cerca de 35 mil palestinos que vivem na faixa de Gaza e na Cisjordânia vão poder voltar a trabalhar, e as restrições de circulação na Cisjordânia ocupada vão ser suspensas, exceto na cidade de Nablus.
As restrições têm por objetivo conter a rebelião palestina iniciada com a abertura de um túnel sob a Esplanada das Mesquitas, local sagrado em Jerusalém.
Como resposta ao túnel, um conselho religioso palestino decidiu abrir parte de uma mesquita subterrânea. Temendo mais violência, os religiosos disseram que pretendem adiar a abertura, prevista para este final de semana. Segundo eles, as obras necessárias devem demorar mais.
Os protestos foram chamados de "a nova intifada" -a revolta palestina contra a ocupação israelense. Arafat disse ao semanário egípcio "El Musaua" que não terá como conter uma nova revolta.
"Estou decepcionado", disse o presidente israelense, Ezer Weizman, que mantém boas relações com o palestino. "As declarações contradizem que o que ele me disse há dois dias", disse Weizman, que recebeu Arafat em sua casa.
Os incidentes também causaram a deterioração das relações entre Israel e a Jordânia. Os dois países firmaram um acordo de paz em 1994. Weizman cogita ir ao país tentar acalmar a situação.

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