São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996 |
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Saiba o que foi o movimento
PEDRO ALEXANDRE SANTOS
A resposta necessariamente viria -e veio- da cena underground, e ninguém melhor para assumir a cruzada que uma legião de jovens apaixonados pela imbricação arte/cultura pop promovida desde os 70 pelo artista plástico Andy Warhol e pela mais alternativa de todas as bandas: o Velvet Underground. O cenário perfeito seria o clube nova-iorquino CBGB, fundado em 73 e meca de dez entre dez bandas alternativas da época. Patti Smith abriu alas. Ex-namorada e amiga eterna do fotógrafo Robert Mapplethorpe, outro jovem artista fermentado no pó da arte pop, ela encontrou no CBGB palco ideal para seu "art rock". Com ela, chegaram ao clube os primeiros punks que existiram (antes, portanto, dos anarquistas ingleses Sex Pistols) -Tom Verlaine e seu Television, Richard Hell e seus Voidoids, Ramones. Estava fundada a nova onda do rock. E nem só de punks ortodoxos se fazia a cena. Blondie e Talking Heads também se lançaram no CBGB, trazendo melodia ao punk. Deborah Harry, ex-manicure, ex-coelinha da "Playboy" e ex-garçonete do bar Max's Kansas City (frequentado pela trupe de Warhol e por antológicos shows do Velvet), provou com o Blondie que o trash inconsequente de matiz sessentista também cabia no punk. Ao mesmo tempo que enchia o mundo de alegria, o Blondie lançava a maldição: logo a seguir, em 76, o B-52's iniciaria a segunda temporada new wave, de sintetizadores, roupas coloridas e muita futilidade programada. Foi isso que acabou fincando, nos diluidores anos 80, o estereótipo "new wave". E seus verdadeiros mentores (Patti, Tom, Richard) ficaram no underground, que era essa sua sina. (PAS) Texto Anterior: Ramones fazem monolito sonoro Próximo Texto: Fred traz punk mal-humorado Índice |
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