São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Clark Terry destila essência da música

GUGA STROETER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando nos aproximamos de Clark Terry, somos inundados pela certeza de estar diante da encarnação da boa música do século 20.
Basta dizer que Clark Terry trabalhou na banda de Count Basie, e por oito anos. Liderou o mítico naipe de trumpetes da orquestra de Duke Ellington.
Além desse belo currículo, Terry hipnotizou o público demonstrando flexibilidade, dinâmica, bom gosto em seu instrumento e principalmente generosidade para com seus colegas e a platéia.
Melhor música
Sob o pretexto dos standards "Straight no Chaser", de Thelonious Monk, "Mood Indigo" e "In a Mellow Tone", de Duke Ellington, "Bye Bye Blackbird", "Green Dolphin Street" e "I Want a Little Girl", Terry destilou a essência da música.
Cabe levantar questões: A música é a alma do povo? A música é o hálito das estátuas? É mais difícil responder a essas indagações do que reconhecer que Terry e seu quinteto nos brindaram com a melhor música.
Clark Terry nasceu em 1920, em preto-e-branco, num mundo de cinema mudo.
Beleza intrínseca
No entanto, foi o responsável pela presença da vitalidade que outros artistas mais jovens ainda não conseguiram alcançar nessa noite de estréia.
Há de se reconhecer que o frescor do resultado artístico não está necessariamente atrelado à juventude.
Jovens, rendei-vos! Apreciamos juntos a beleza intrínseca da maturidade e do domínio criterioso de estruturas musicais complexas.
E, depois de tudo isso, olhamos para o palco e vemos um homem a nos demonstrar que o mundo pode ser a cada instante sempre melhor, sempre diferente, vemos o sorriso de um homem pronto a derrubar, mais uma vez, as muralhas de Jericó.

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