São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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PT de SP perde 7 de 9 prefeituras

Partido fracassa no Estado

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora tenha sido o partido mais votado nas capitais, com votações expressivas em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, o desempenho do PT de São Paulo foi um fracasso. Apenas 13 prefeitos foram eleitos em todo o Estado.
A previsão do partido era a de que o PT paulista elegeria 25 prefeitos. O pior é que o partido perdeu 7 das 9 prefeituras que administra atualmente no Estado. Vai para o segundo turno em duas cidades -Ribeirão Preto e Santos.
Na eleição de 3 de outubro, o PT perdeu prefeituras importantes, como Diadema e São José dos Campos. Diadema era uma espécie de símbolo das administrações petistas -o partido governava a cidade desde 1983.
A performance do PT em São Paulo também se complica quando comparada à do PT de outros Estados, como Minas e Rio Grande do Sul. No primeiro caso, foram eleitos 30 prefeitos petistas; no segundo, 25. O PT elegeu 107 prefeitos em todo o país -tinha 50.
Crise interna
O fracasso do PT paulista pode gerar crise no partido. Petistas culpam a inoperância da direção. O deputado federal João Paulo Cunha se afastou da presidência para disputar a eleição de Osasco. Não ganhou. Foi substituído pela deputada Bia Pardi.
O PT já decidiu intervir no diretório municipal de Diadema. "Não dá para continuar com os métodos autoritários de José Augusto", diz Francisco Campos, secretário de comunicação do PT. Augusto não foi localizado pela Folha para comentar a crítica.
Para a direção do PT, brigas internas como a de Diadema foram fatais para o partido. Também vê riscos na eleição de Santos, onde a candidata Telma de Souza está rompida com o atual prefeito, David Capistrano. Telma era cotada para ganhar no primeiro turno.
Bia Pardi, presidente do PT, minimiza o fracasso do PT em São Paulo. "É uma visão maniqueísta dizer que o PT perdeu em São Paulo", afirma. Para ela, os resultados mais expressivos do PT gaúcho devem-se à "maior organização" do partido naquele Estado.
Os conflitos internos preocupam todos os setores do PT. "As disputas internas têm que ser feitas dentro de padrões mais civilizados", diz o deputado José Genoino (PT-SP).
"Elas devem ocorrer em patamares mais elevados", afirma.
Derrotas
Diadema era uma espécie de referência para as administrações petistas. Uma espécie de laboratório para experiências aplicadas em outras prefeituras conquistadas pelo PT em vários pontos do país.
As sucessivas administrações do PT em Diadema foram premiadas por organizações nacionais e internacionais. A mais recente ocorreu durante conferência da ONU.
Mas as ambições e intrigas pessoais interromperam a série de governos petistas em Diadema. Primeiro foi o conflito entre Gilson Menezes e José Augusto Ramos, na sucessão do primeiro, em 1988.
Ramos tinha sido secretário de Gilson, mas não era seu candidato para sucedê-lo. Sua vitória na convenção do PT e na eleição afastou Menezes do PT. Na sucessão de Ramos, outra disputa.
Fillipi elegeu-se prefeito, mas acabou rompido com Ramos. Na convenção para escolher seu sucessor, o candidato de Fillipi foi derrotado. Vitorioso, Ramos não queria candidatos de Fillipi disputando cargos de vereador.

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