São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Esquerda petista chega mais perto do poder em 2 capitais

Moderados esperam amadurecimento de radicais

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A chamada esquerda do PT -ou o PT que diz mais não do que sim- disputa a prefeitura em 2 das 7 capitais em que o partido está no segundo turno.
Edmilson Rodrigues, da corrente interna Força Socialista, e Heloísa Helena, da trotskista Democracia Socialista podem, respectivamente, governar Belém (PA) e Maceió (AL).
Em Porto Alegre (RS), Raul Pont, da Democracia Socialista, se elegeu prefeito já no primeiro turno -após duas administrações bem-sucedidas de petistas mais moderados que Pont.
Forças
O fato, considerado novo dentro do próprio PT, deve provocar efeitos na correlação interna de forças, com reflexos na composição do Diretório Nacional, que será renovado em agosto de 1997.
Hoje, as facções de esquerda do PT não ocupam secretarias na direção nacional.
A última eleição foi tumultuada. Saiu vitoriosa a composição entre centristas (o grupo Articulação, de Luiz Inacio Lula da Silva) e a direita do partido (a corrente Democracia Radical, liderada pelos deputados federais José Genoino e Eduardo Jorge).
"Pela primeira vez, a esquerda do PT pode assumir cargos executivos em cidades importantes. Isso pode causar um amadurecimento nas relações internas", diz Gilberto Carvalho, secretário de comunicação do Diretório Nacional.
Segundo Carvalho, uma eventual vitória desses candidatos -tanto em Belém como em Maceió- pode levar a esquerda do partido a entender "as limitações de ser governo" e "os limites das possibilidades de mudanças".
A avaliação de Carvalho reflete a preocupação da direção nacional com conflitos internos que chegam a minar governos petistas, como ocorre no Espírito Santo, onde o governador Vitor Buaiz é bombardeado por radicais do partido.
A eventual vitória da esquerda do PT em capitais não significará uma guinada política, nem o fim dos choques de facções com diferentes concepções de ação política.
"Os debates refletem a pluralidade do PT", diz o presidente do partido, José Dirceu, que visitou os candidatos nas capitais do país.
Mas Dirceu ressalta que o importante hoje é obter e manter a unidade na diversidade de propostas. "As pessoas estão repensando isso", diz ele.
Eleitor
Em Belém e Maceió, os próprios candidatos dizem que a escolha de seus nomes foi consensual.
José Genoino diz que a grande lição da eleição é que o eleitor passou por cima das disputas internas.
"As divergências vão continuar, mas agora em nível mais maduro. Até porque onde o partido saiu dividido, não se saiu bem."

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