São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Médicos prevêem queda na procura

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de 24 horas depois de divulgado o caso envolvendo a atriz e modelo Cláudia Liz, algumas clínicas de cirurgia plástica de São Paulo já se preparavam para a queda no número de clientes.
"Isso é muito ruim para as clínicas, mesmo que a complicação com a atriz não tenha ocorrido durante uma cirurgia plástica", afirma o médico Farid Hakme.
Hakme é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Segundo ele, 30 mil intervenções plásticas, em média, são computadas pela entidade todos os anos.
No mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), já foram realizadas por volta de 70 milhões de intervenções estéticas.
Médicos como Ewaldo Bolivar Souza Pinto, membro da sociedade presidida por Hakme, há mais de 35 anos fazendo plásticas, diz que o caso "inevitavelmente" vai provocar uma "fuga" de pessoas que poderiam vir a fazer uma cirurgia de lipoaspiração.
Na sala de espera
Professor de pós-graduação na Universidade Santa Cecília, em Santos (SP), Souza Pinto disse que faz questão de comentar casos como o de Cláudia até na sala de espera de seu consultório.
"Acho extremamente necessário que as pessoas sejam informadas corretamente", afirma o médico, que também registrou queda na procura por cirurgias após a morte de Clara Nunes, há 16 anos.
Para Souza Pinto, o que aconteceu com Cláudia Liz foi um "acidente". "No entanto é um acidente que causa grande impacto na opinião pública."
Willian Gauss, proprietário da Clínica SP, diz considerar "natural" a queda na procura por clínicas depois de um caso como o da atriz e modelo.
"As pessoas precisam ser bem informadas para que não relacionem tudo com a cirurgia plástica, que sequer aconteceu", diz Gauss.
Ele não fez previsões sobre quedas de movimento, mas disse ter "certeza que isso acontece naturalmente". Também diz não ter dúvidas de que é algo temporário.
O cirurgião plástico Moacyr Pires de Mello, que tem uma clínica há dez anos, afirma não ter dúvidas de que a procura pelas clínicas vai cair até 50%. "Mas isso é uma coisa absolutamente normal e temporária", diz o cirurgião.
No entanto, todos admitem que o fato acaba prejudicando as clínicas estéticas.

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