São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Engenheiro perdeu cabelo antes de casar

João Machado Neto frequenta grupo do HC

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Grupo de Apoio à Alopecia Areata, que se reúne uma vez por mês em São Paulo, procura dar orientação, informação e apoio aos portadores da doença.
Os encontros são gratuitos e acontecem na terceira quarta-feira de cada mês, no Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas (em frente ao Instituto do Coração, na zona oeste).
Cacilda Machado, presidente do grupo, explica que o modelo de trabalho é inspirado na National Alopecia Areata Foundation (Naaf), que congrega os portadores da doença nos EUA.
Cacilda diz que no grupo as pessoas que tiveram "sua imagem corporal dramaticamente modificada têm um espaço garantido para trocar experiências". Os encontros têm a supervisão direta de uma dermatologista e de uma psicóloga.
Adolescência
O engenheiro João Antônio Machado Neto, 47, é um dos membros do grupo. Ele tem alopecia areata desde os 4 anos.
Machado Neto tinha uma alopecia localizada até os 26 anos. Quinze dias antes do seu casamento, o processo se ampliou e ele teve uma perda súbita de todos os cabelos e pêlos do corpo.
"A fase mais difícil foi a adolescência, em que você está inseguro, precisando se afirmar. Hoje, vivo bem. Prefiro não ter nenhum cabelo ou pêlo no corpo a ter pouco e ficar tentando esconder as áreas afetadas."
Machado Neto se submeteu a tratamento dos 4 aos 19 anos, quando resolveu interromper os remédios. "Não aguentava mais receber corticóide de 15 em 15 dias. Parei o tratamento e decidi que só voltaria o dia em que descobrissem a cura total."
Vladimir A. de Oliveira Reis, 29, engenheiro de segurança que também participa do grupo, enfrenta a doença há três anos.
Uma área única de alopecia apareceu inicialmente na barba de Oliveira. Ele estava terminando a faculdade. Em poucos meses, a alopecia se tornou universal.
"Foi difícil na hora de procurar emprego. Se eu não falava nada, as pessoas achavam que eu estava fazendo quimioterapia. Quando eu dizia que tinha alopecia, eles achavam que eu tinha dificuldade emocional em lidar com a situação."
Quando Vladimir faz infiltrações com corticóide, os pêlos e cabelos voltam a aparecer em algumas áreas do corpo.
"O que ainda mais me choca é que algumas pessoas da faculdade não me reconhecem na rua. Parece que, de repente, você passa a ser outra pessoa."
(JB)

Grupo de Apoio à Alopecia Areata: (011) 843-0750. Próximas reuniões: 16 de outubro e 20 de novembro, às 17h30.

Texto Anterior: Perder cem fios por dia é normal
Próximo Texto: Psiquiatras do HC recebem prêmio; Implantes de hormônio são anticoncepcionais; Drogas não devem ser usadas em dor discreta; Odontologia hospitalar tem curso em SP; Artroscopia terá curso na AACD; Qualidade em saúde é tema de debates; População envelhece no século 20
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.