São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996 |
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Mulher quer que homem 'vire pizza' depois
PAULO SAMPAIO
Elas também transam por carência, indulgência etc., e depois se arrependem do mesmo jeito. Algumas se perguntam: "Como pude?" "Tudo parece ainda mais repulsivo quando acaba", diz a psicóloga Anna Júlia Mancini, 29. "O cheiro do cara, o corpo, a voz." Nessas ocasiões, Anna Júlia só tem uma fantasia. "Adoraria catapultar o sujeito", diz. "Tipo apertar um botão e fazê-lo sumir." Na falta do "botão", Anna Júlia tem um texto prontinho. "Digo que estou em uma fase super complicada, saindo de um relacionamento muito difícil, para ele não levar a mal", ensina. "Coloco a culpa toda em mim." Ela diz o texto já se vestindo, para evitar "grude". "Tem cara que não se toca", diz. "Quer dormir abraçadinho, um horror." Mesmo tomando cuidado com o que diz, Anna Júlia afirma que eles percebem. "Os homens são mais suscetíveis que as mulheres", acredita. "Tem uns que ficam até agressivos." Rádio-táxi Com a decoradora Maria Inês Camargo, 37, não houve tempo para reações agressivas. "Chamei o rádio-táxi quando percebi que o cara ia se enroscar", conta. Inês estava na própria casa. "Se estivesse na dele, pegava minha bolsa e ia embora", diz. Ela confessa que foi inconsequente. Nascida sob o signo de peixes, Inês resolveu ir para a cama porque o rapaz era de escorpião. "Me disseram que era uma combinação perfeita", diz. "Recebi também boas referências sobre escorpiões na cama." Inês continua acreditando em astrologia. "Aquele cara deve ter um ascendente muito ruim", diz. "Alguma coisa tipo virgem." Explicar como se porta na cama alguém que tem o ascendente "tipo virgem" é algo que vai além da própria astrologia. "Tem a ver com pele, cheiro, toque", diz Inês. Pele e cheiro são dois fatores fundamentais para a empresária Margarita Aguilar, 49. "O pior é que os caras nunca imaginam porque foi ruim para a gente. Ficam procurando a falha no desempenho deles, ou no tamanho do membro. Nada a ver." Margarita acredita que muitos homens se sentem duplamente "ultrajados" quando não dá certo. "O homem é mais puro, manipulável", assegura. "A mulher esconde tudo dele, inclusive a possibilidade de descartá-lo. Quando acontece, ele não perdoa." Ojeriza Margarita se proteje dos homens, mas também sente necessidade de acreditar neles. "A gente sempre acha que está jogando uma oportunidade fora", diz. A última "oportunidade" que Margarita pensou que estivesse jogando fora foi com um sujeito que ela conheceu em uma festa. "Nos falamos pelo telefone durante um ano, e até saímos", conta. "Rolou muito abraço, aperto, mas ficou só nisso." Mesmo percebendo que não ia dar certo, ela insistiu. "Um dia, topei sair com ele sabendo que ia acabar na cama." Para encarar o pretendente, Margarita bebeu um pouco. "Ainda assim, não teve jeito", lembra. "Foi ruim demais." No outro dia, a "ressaca moral". "Senti ojeriza dele e passei o dia seguinte inteiro tomando banho e escovando os dentes." Margarita diz que os dois são amigos até hoje, e ele ainda insiste, mas ela não vacila. "A gente precisa ter uma memória muito boa para não cair na tentação de dar uma segunda chance", afirma. "Por maior que seja a carência, e por mais pena que a gente tenha do cara, cama ruim não se repete." "Garganta" Acabar amiga do parceiro ruim de cama não é fácil. Em alguns casos, Margarita nem faz questão. "Quanto o sujeito é muito "garganta" (exalta o próprio desempenho), e na hora não tem o traquejo, digo a ele que foi horrível." "Faço sem medo de ferir, porque esse tipo de homem merece", afirma. "Me sinto até vingada." Texto Anterior: Psiquiatras do HC recebem prêmio; Implantes de hormônio são anticoncepcionais; Drogas não devem ser usadas em dor discreta; Odontologia hospitalar tem curso em SP; Artroscopia terá curso na AACD; Qualidade em saúde é tema de debates; População envelhece no século 20 Próximo Texto: DEPOIMENTO Índice |
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