São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Saiba se preparar para a aposentadoria

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Imagine alguém com salário de R$ 3.000 ou R$ 5.000 por mês vendo-se obrigada, de uma hora para outra, a viver com apenas R$ 900.
Nessa época de desemprego agudo, até jovens correm o risco de enfrentar realidade assim. Mas é fato corriqueiro entre pessoas que se aposentam pela previdência pública depois de 35 anos de serviço, sem terem feito, ao longo desse tempo, seu pé-de-meia.
No INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), pouco mais de R$ 900 é o máximo que um segurado consegue de aposentadoria neste mês, mesmo com tempo de serviço integral e tendo contribuído pelo teto nos últimos 36 meses -às vezes, por toda a vida ativa.
Nos países ricos, a preocupação com o futuro faz parte da cultura local. Trabalhar em empresa com fundação para complementar aposentadorias é rotina.
No Brasil, embora o patrimônio desses fundos fechados, como se diz, esteja em US$ 66,6 bilhões, dado de agosto, não passa de 1.234 o número de empresas patrocinadoras, num total de 348 fundações.
O número de participantes está em torno de 2 milhões, informa a Abrapp, que representa entidades fechadas de previdência privada.
É pouco para um país com população economicamente ativa de 74 milhões de pessoas e cerca de 30 milhões com carteira assinada. A grande maioria, ao se aposentar, depende mesmo é do INSS.
Para quem ganha salário até a faixa de R$ 900 o drama não é tão grande, pois a aposentadoria corresponderá, mais ou menos, ao que se recebia antes.
Na hora do cálculo, todos os salários-de-contribuição -limitados hoje a R$ 957,56- são corrigidos mês a mês pela inflação.
Mas na classe média, empregada no setor privado, não há como fugir da dura realidade do achatamento salarial quando se aposenta. Há o teto, tanto para contribuição quanto para benefício.
A não ser que o segurado tenha se preparado para a velhice.
Opções
Para fazer o pé-de-meia, o assalariado que não dispõe de um fundo de pensão na empresa em que trabalha tem várias opções. Desde compra de imóveis, tradição entre portugueses, até poupança individual ou adesão a sofisticados planos de previdência privada.
Nesses planos, a pessoa procura uma empresa de previdência privada ou uma seguradora, define quanto pode poupar e escolhe o que e como receber determinada renda no futuro.
As empresas que vão cuidar de seu dinheiro cobram taxas de administração e racham com o cliente o rendimento que supera TR mais 6% ao ano, parâmetro da caderneta de poupança.
A partir de janeiro de 97 será um índice de preços, tipo IGP-M, mais juro. O prazo de setembro foi prorrogado pela Susep (Superintendência de Seguros Privados).
Nos EUA, diz Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente da Anapp e da Bradesco Previdência Privada, os planos individuais já somam US$ 600 bilhões em ativos, com 29 milhões de participantes.
"É como se, no Brasil, 16 milhões de pessoas tivessem um plano", compara ele.
Ainda nos EUA, o maior crescimento é dos planos em empresas que terceirizam a previdência privada. Os ativos, de US$ 700 bilhões, avançam US$ 1 bilhão por semana, informa Cappi.

LEIA MAIS sobre previdência privada nas págs. 2-7 e 2-8

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