São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996 |
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Coreano ganha com promessa de investir
ARTHUR PEREIRA FILHO
Em vez de pagar alíquota de 70% sobre 4.100 veículos importados no período, recolheu apenas 35%. Os cálculos foram feitos com base em números divulgados pela Abeiva, a associação que reúne as marcas sem fábricas no país. Segundo a entidade, no primeiro semestre deste ano os veículos comerciais leves (picapes e vans) pagaram, em média, US$ 8.000 de Imposto de Importação para entrar no país. Se a Asia tivesse sido obrigada a recolher essa quantia, teria pago US$ 32,8 milhões para importar seus 4.100 carros. A redução do Imposto de Importação não é ilegal. A Asia Motors aderiu ao regime automotivo brasileiro no dia 18 de abril. O acordo feito com o governo permite que a empresa importe carros com alíquota reduzida. Mas se compromete a investir US$ 500 milhões até 99 para construir uma fábrica no Brasil. E até o final de 99 terá de compensar com exportações as importações feitas com incentivos fiscais. O mesmo benefício está sendo dado às montadoras que já produzem no país. A Renault e a Honda, que estão construindo fábricas no Brasil, também aderiram ao acordo e têm direito ao desconto. Apesar disso, a direção da Asia brasileira não fala sobre o volume de impostos que deixou de recolher. "Não sei se seria do nosso interesse tornar públicos esses números", diz Miguel Keremian, diretor-executivo da empresa. A Asia é a atual líder de vendas no mercado nacional entre as marcas não-instaladas. De janeiro a agosto, vendeu 9.215 unidades, com crescimento de 6% sobre o mesmo período de 95. A empresa não vende automóveis no país. Apenas utilitários. A linha Towner é a campeã de vendas. Aniversário O que diferencia a Asia das demais empresas que aderiram ao regime automotivo é a demora na decisão de escolher o local da fábrica e iniciar a construção. O anúncio do investimento está completando um ano. No dia 23 de outubro de 95, durante a Brasil Motor Show -uma feira de carros importados realizada em São Paulo-, a direção mundial da Asia veio ao Brasil para dar a grande notícia: a Asia iria investir US$ 500 milhões em uma fábrica com capacidade para fazer 60 mil veículos por ano. A sede seria definida até fevereiro de 96 e as obras começariam imediatamente. Doze meses depois, a fábrica coreana continua no papel. Nem o terreno foi escolhido, porque a Asia ainda não sabe onde montar a fábrica. Será em algum lugar entre o Rio Grande do Sul e o Ceará, diz Keremian. Segundo ele, tudo depende dos incentivos adicionais que o governo pretende conceder a montadoras que se instalem no Norte e Nordeste. A Asia está esperando desde abril que o governo edite uma MP (medida provisória) com os novos benefícios. "Nossa prioridade é o Nordeste, desde que sejam atendidos requisitos mínimos", diz Keremian. Exigências Para levar sua fábrica para o Ceará ou Bahia -os dois Estados mais cotados- a Asia Motors quer: a) esticar para 2014 o prazo para compensar com exportações as importações que vai fazer com alíquota reduzida; na MP atual, o limite é 1999; b) manutenção dos descontos do Imposto de Importação até 2014; c) elevar de 3 anos para 15 anos o prazo para atingir índice de nacionalização de 60% nos carros; d) isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). A Asia espera que a MP do Norte e Nordeste seja editada "antes do segundo turno das eleições". Se essas exigências não forem atendidas, diz Keremian, a fábrica ficará no sul do país. O investimento, segundo ele, não corre risco de ser suspenso, e é possível iniciar a produção em 99. Texto Anterior: Aumentam os depósitos na caderneta Próximo Texto: Hyundai promete decisão Índice |
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