São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Mercado tem 1.500 'milagres' para impotente

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

É fato que os sintomas de impotência sexual aparecem em executivos estressados e rodeados de preocupações econômicas. E parece fato também que a maioria não sabe lidar com o problema.
Em geral, o homem não sabe se deve procurar um médico -e que tipo de especialista- ou apostar no imenso e criativo mercado de estimulantes.
O cirurgião vascular Alfredo Romero conta que no Brasil há mais de 1.500 nomes de produtos que prometem melhorar a vida sexual masculina.
"Quando os executivos chegam à clínica, eles já tentaram de tudo, de cipó de nó de cachorro à conhecida caracu com ovo", diz Romero, que começou a catalogar os "estimulantes" usados pela população.
"Não há milagre. O melhor é procurar um médico e evitar as agressões cirúrgicas", explica José Mário Marcondes dos Reis, diretor do Instituto H. Ellis e doutor em medicina pela USP.
Marcondes dos Reis diz que os 40 anos são uma idade crítica para os executivos. Muitos enfrentam problemas no trabalho, até pela responsabilidade do cargo que ocupam. Têm um bom salário, mas as despesas também são altas. Suas mulheres, em casa, geralmente dão mais atenção aos filhos pequenos que aos maridos.
"A consequência é que analistas de sistemas, executivos e homens do mercado financeiro são bastante suscetíveis à impotência sexual", diz o cirurgião vascular Roberto Tullii.
Em alta
Quando o executivo decide procurar um médico, a droga em alta atualmente é a prostaglandina -um vaso dilatador que é capaz de provocar ereções.
"Como o homem tem ereção com a droga, ele percebe que o problema tem fundo psíquico e não físico", diz Efren Muñoz, cirurgião vascular do Instituto Belc. Ele lembra que o remédio só é vendido com atestado médico.
No variado mercado de "milagres", chegou recentemente o Magsex plus, um chip magnético que, segundo seu importador, melhora a circulação e a oxigenação do sangue da região, garantindo a ereção após 18 dias de uso.
Os médicos dizem, no entanto, que o chip não tem eficácia comprovada.
Eles não recomendam, também, que se tomem remédios sem prescrição ou que se recorra a cirurgias, a não ser em casos sejam extremos. Mesmo as drogas usadas pelos médicos, como a prostaglandina, devem ter dosagem pequena, porque podem causar efeitos colaterais.

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