São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Empresas buscam reanimar executivo

Prática do "inplacement" é intensificada

LUÍS PEREZ
EDITOR-INTERINO DE EMPREGOS

Passada a ressaca das reengenharias e cortes de níveis hierárquicos, que causou muitas demissões, as empresas passaram a investir na motivação de seus executivos -e na prática do "inplacement".
Mais um estrangeirismo complicado incorporado aos jargões empresariais? Não, o "inplacement" (literalmente colocação "para dentro") nada mais é do que um longo processo de aconselhamento individual de carreira.
O método é aplicado enquanto o profissional ainda está empregado. "As empresas usam o 'inplacement' quando o executivo está desfalecendo profissionalmente", resume Gutemberg B. de Macedo, 50, da Gutemberg Consultores.
O objetivo é levar o profissional a uma reflexão sobre sua carreira executiva -itens que entram na avaliação são família, empresa, posição, chefe, os de mesmo nível na empresa e a comunidade (associações de classe, por exemplo).
Algumas empresas que já adotaram o método, segundo Gutemberg, foram Ford, Alcan e Renner DuPont, entre outras, a maioria de grande porte.
"Aí você vai estraçalhar a vida do executivo. Esmiuçar tudo, do ponto de vista de valores, de filosofia, de pontos fortes e fracos, da necessidade de treinamento, de idiomas", diz Gutemberg.
Moacyr Caniato, 46, supervisor da área de recrutamento e seleção de uma montadora, não conhecia o sistema. Mas em agosto de 94 passou três meses experimentando o "inplacement".
"Conversamos sobre vida social, família e experiência adquirida durante toda a vida, incluindo formação educacional", conta.
Segundo Caniato, "a barreira do medo é vencida em poucos minutos, porque o consultor inspira confiança". O que é abordado, por exemplo? "Não posso dizer, é muito pessoal. Chega a ser uma espécie de terapia profissional."
Macedo afirma que fazia de uma a duas sessões por dia. "Eram duas ou três horas de discussão sobre determinado assunto."
Se o executivo for introvertido, o consultor conversa e tenta contornar a situação, fazendo a pessoa ficar mais comunicativa.
"É uma prática realmente nova. Nós começamos a aplicá-la neste ano", afirma Isaias Feigenson, 52, sócio da área de consultoria de RH (recursos humanos) para clientes da KPMG Peat Marwick.
Ao contrário do que acontece na Gutemberg Consultores, a pessoa precisa se afastar do trabalho quando faz o programa de "inplacement"da KPMG.
"Também chegamos a abordar aspectos pessoais do profissional." Ele prefere não divulgar o nome das empresas já atendidas.

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