São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996 |
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Empresário promete 'nocautear' empate
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO CONTINUAÇÃO da entrevista à pág. 4-1, com Don King* Folha - O que tem a dizer sobre a luta do Mike Tyson contra o Bruce Seldon, que você empresariou e provocou muitas reclamações da imprensa e do público em geral? Foi difícil identificar o golpe que gerou a primeira queda do Seldon... Don King - Um jornal de Las Vegas fez uma pesquisa com 38 jornalistas, perguntando-lhes quem ganharia: Tyson ou Seldon. Todos os 38 jornalistas responderam que Tyson ganharia com um nocaute rápido. Mesmo assim, alguns destes 38 jornalistas reclamaram, depois, que a luta acabou muito rápida. Mike Tyson é especialista em destruir logo seus oponentes. Por que alguém ficaria surpreso que o nocaute de Tyson foi tão rápido? Não importa a duração de um combate, importa a emoção. Folha - Esportes como futebol e vôlei tiveram mudanças nas regras em anos recentes. Você concorda com as regras do boxe? King - Já propus uma vez e vou voltar a lutar pela mudança de certas regras. Se em todas as lutas forem anunciadas, round por round, as notas dos juízes, aumenta a transparência do espetáculo. Também deveriam acabar com o empate no boxe. Essa medida aumentaria a emoção da platéia. Folha - Como? King - Fazendo um round a mais, de desempate, para caso de igualdade. Folha - Tyson teria dito que pretende encerrar a carreira daqui a dois anos. O que você pensa a respeito disto? King - Penso que o ano que vem será um replay de 1987, quando ele unificou todos os títulos. Estamos trabalhando para 1997. Será o ano de Mike Tyson. E eu estarei ao lado dele para fazer seu cofre crescer mais e mais. O céu é o limite para Tyson, se vencer Holyfield (Evander, em luta programada para 9 de novembro). Ele não vai descansar enquanto não unificar todos os títulos. Foi meu privilégio promovê-lo em 86 e 87. E agora é meu privilégio trabalhar com ele para completar tão nobre missão. Folha - Qual foi a melhor luta que você já organizou? King - Ali e Foreman, em 1974, um marco na história do boxe. Foi um espetáculo. Folha - Se Ali e Tyson se enfrentassem, quem ganharia? King - Eu coroei uma frase sobre Muhammad Ali. Eu digo que toda cabeça deve reverenciar, todo joelho se curvar e toda língua confessar "você é o máximo". Muhammad Ali é o número um. Mas eu também devo dizer o mesmo sobre Mike Tyson: ele é o melhor lutador que já vi. Quando se trata de destruição brutal, nunca vi ninguém como ele. E ainda estamos para ver o melhor de Tyson. Folha - Você esteve na Argentina neste ano e ficou de retornar em outubro. Planeja visitar o Brasil? King - Pretendo sim, mas ainda não sei quando. Eu amo o Brasil e adoraria visitar todas as grandes cidades, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo. Tenho intenção de promover um dia uma luta de boxe no Maracanã. Já promovi uma no estádio Azteca, no México, e uma hora será a vez do Brasil. O Maracanã é maior do que o Azteca, não é? Folha - Um pouco maior. E quanto ao boxe brasileiro, você conhece alguma coisa? Já ouviu falar do Maguila? King - Conheço um pouco, sim. Sei que existe mercado consumidor para o boxe aí. O público gosta, mas falta desenvolver o esporte. O Maguila chegou a boas posições no ranking, mas, no passado, vocês tiveram lutadores melhores. O Éder Jofre foi o melhor. Folha - Você é uma personalidade controvertida... King - Controvertida porque falam bobagem a meu respeito. Mas sou querido pelos que me conhecem. Sou um homem sério. O maior contribuinte de Nevada. Folha - E seu cabelo? É uma jogada de marketing? King - Fica bem em mim. Faço sucesso assim. E fabricantes de xampu gostam (risos). Faturam à minha custa. Dá um trabalho danado manter a cabeleira... Texto Anterior: Ídolos simbolizam transição do esporte Próximo Texto: Don King Índice |
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