São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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O futebol e as drogas

TELÊ SANTANA

A droga infelizmente invade o mundo do futebol.
Na Argentina, vimos nesta semana uma caça às bruxas.
O próprio empresário do Maradona acabou sendo preso, acusado de envolvimento com tráfico de drogas.
Não é difícil convencer um jogador de futebol, geralmente oriundo de classes populares, a entrar na onda. Um atleta de cabeça fraca, cercado de más companhias, que ganha logo dinheiro rápido, pode enveredar pelo lado errado.
O jogador tem que abrir os olhos, cuidar de sua carreira como um bem mais do que precioso. Eu, sempre que comandei um time de futebol, tinha como preocupação básica o futuro dos meus atletas.
Um técnico muitas vezes assume o papel de um pai.
Sei que, em caso de drogas, o viciado muitas vezes não escuta nem sequer o próprio pai, mas você tem que tentar fazer alguma coisa. Quantas vezes não fui incompreendido. No São Paulo, sempre que um jogador ganhava um dinheiro e comprava de cara um carrão último tipo, claro que eu ia aconselhá-lo.
O Palhinha, quando saiu do clube, chegou a dizer que eu interferia nos negócios dos jogadores. Não é, nem nunca foi assim. Acontece que a nossa profissão é ingrata e não é difícil ver um jogador que ganhou muito dinheiro acabar na rua da amargura.
Sou de família pobre, família de dez irmãos e sei o duro que meu pai deu para nos sustentar. Você tem que fazer seu pé-de-meia. Muitos me chamam de pão-duro, mas hoje tenho minhas reservas para não depender de ninguém.
*
Os árbitros do Campeonato Brasileiro estão recebendo críticas indevidas por distribuírem cartões em excesso.
Não concordo com as críticas. Deveriam ser criticados os jogadores e as direções técnicas. Quem abusa das faltas e tem jogadores expulsos sai prejudicado.
Cada jogo está tendo, em média, quase 80 faltas. Como cada falta leva uns 30 segundos para ser batida, o público que paga ingresso é lesado.
Em vez de reclamarmos de quem pune, vamos reclamar de quem comete a falta.

E-mail: tele@wgserver.cyberland.com.br

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