São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Sim, nós vacinamos bananas

VINCENT KIERNAN
DA "NEW SCIENTIST"

Bananas alteradas geneticamente podem ser um meio barato de proteger crianças de países pobres contra doenças.
Pesquisadores do Boyce Thompson Institute for Plant Research, um centro de pesquisas independente da Universidade Cornell, estão modificando geneticamente bananas a fim de produzir um antígeno encontrado na parte externa do vírus da hepatite.
"Vacinas de banana serão usadas principalmente em países pobres porque seu custo não ultrapassará poucos centavos por dose, comparado ao custo das vacinas tradicionais -entre US$ 100 e US$ 200-", disse Charles Arntzen, presidente do instituto.
No ano passado, a equipe de pesquisadores mostrou que os antígenos do vírus da hepatite B produzidos por batatas modificadas geneticamente faziam com que ratos ficassem imunizados.
Mas, devido ao fato de as batatas não serem comidas cruas -e o seu cozimento destruiria a vacina-, a equipe afirmou que o método seria inadequado em humanos.
Assim, eles voltaram todos os seus esforços às bananas, as quais crescem extensivamente nos países pobres.
Segundo eles, dez hectares da fruta seriam suficientes para vacinar todas as crianças mexicanas com menos de cinco anos.
A vacina não precisaria ser comida crua, mas como um purê, semelhante ao comido pelos bebês.
Os cientistas já estão estudando a viabilidade da vacina junto com cientistas mexicanos. Eles esperam que o governo do país e a FDA (agência que regula medicamentos e alimentos nos EUA) aprovem a vacina simultaneamente.
Os cientistas do instituto norte-americano também estão fazendo experimentos com "vacina de banana" contra a diarréia, doença que mata milhões de crianças por ano nos países pobres. Eles já modificaram geneticamente batatas para produzir antígenos de Escherichia coli, uma das bactérias causadoras da diarréia. Os resultados também foram alentadores: houve resposta imunológica em ratos.

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