São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Ciência volta a discutir vida em Marte

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em 1984, um meteorito foi descoberto no gelo de Allan Hills, Antártida. Pesa 1,9 kg e sua origem é marciana, o que despertou grande interesse. Descobriu-se que ele é fragmento de gigantesca explosão ocorrida há 16 milhões de anos, quando a face de Marte foi atingida em cheio por enorme objeto celeste, provocando verdadeira chuva de meteoritos. Ele permaneceu 13 mil anos no local em que foi encontrado.
O meteorito logo provocou uma série de investigações e causou verdadeiro delírio a notícia de que nele os cientistas encontraram ao lado de líquidos orgânicos comuns à Terra e a Marte, glóbulos de carbonato dentro dos quais se acham formas parecidas com micróbios atuais degenerados.
O relatório em que a Nasa conta esse fato foi publicado na revista "Science" e não foram poucas as especulações que ressurgiram a respeito da vida no planeta vermelho.
Essas especulações são muito antigas e incluem a presença de seres inteligentes, assunto aproveitado pelos ficcionistas.
Falou-se muito da presença de canais e sistemas de canais com construção que lembra as humanas. E o milionário astrônomo Sir Percival Lowell chegou a construir observatório exclusivamente destinado a mapear os canais.
Mas tudo isso foi varrido pelo olho gigante do telescópio do Monte Palomar, que revelou que a superfície marciana é árida e sem estruturas que lembrem a atividade de seres inteligentes. Como se não bastassem as fotos de Palomar, outros testemunhos vieram reduzir a nada os sonhos dos ficcionistas. É verdade que o Pionner 9, em órbita muito próxima do planeta, viu leitos secos de rios e deltas, porém nenhum sinal de vida, o que sugere que em certa época Marte manteve ambiente aquático, que reforça a suposição de nesse período benigno terem existido sinais de vida indiferenciada.
E os Viking que pousaram no planeta e lá montaram laboratório robô que analisou vários de seus aspectos, inclusive a composição química do solo, nada mais registraram que paisagem estéril.
Não obstante cogita-se nos EUA o envio de nova missão muito bem equipada para, entre outras coisas, estudar as camadas mais profundas do solo à procura de indícios de vida.
São antigas as fantasias sobre a existência de vida em Marte, expressas principalmente na hipótese da panspermia, segundo a qual haveria sementeira de elementos vitais no espaço, capazes de gerar entes vivos onde quer que encontrassem condições favoráveis. A Terra teria sido povoada por elementos direta ou indiretamente oriundos de Marte.

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