São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Esquerda e tucanos racham em Alagoas

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O PSDB de Alagoas, Estado do presidente nacional do partido, senador Teotônio Vilela Filho, rachou para o segundo turno das eleições da capital, Maceió.
Parte do partido decidiu apoiar a candidata socialista, Kátia Born (PSB). A outra ala, a candidata petista, Heloísa Helena.
"Vamos nos reunir para saber que rumo o partido quer tomar", afirmou Vilela.
O outro cacique tucano no Estado, deputado federal José Tomaz Nonô, é mais explícito: "Voto na Kátia Born porque a Heloísa Helena está fechada para o diálogo", afirmou.
O ex-líder do governador Divaldo Suruagy (PMDB) na Assembléia Legislativa, deputado João Neto (PSDB), não esconde sua preferência pela candidata petista.
Kátia Born, candidata do prefeito Ronaldo Lessa (PSB), tem mostrado mais intenção de fazer alianças do que a adversária. Anunciou o apoio de 14 dos 21 vereadores eleitos. Apoios ecléticos, que vão do PV ao PTB.
Heloísa Helena explica que é muito difícil fazer composição com a direita. "Eles me consideram menos confiável, pois sabem que não aceito qualquer acordo."
"Fui presidente da Câmara e sei que não podemos ser radicais. Respeitamos as pessoas que foram votadas pelo povo para podermos fazer um governo em parceria com a sociedade", afirmou Kátia Born.
A passagem de duas candidatas de esquerda para o segundo turno criou uma situação inédita na política maceioense.
Kátia Born e Heloísa Helena estão sendo forçadas a aceitar apoios considerados indigestos para candidatas que se consideram arautos da fidelidade partidária e da prática anticonchavos. Os centristas e direitistas têm o mesmo problema.
É fácil entender o quadro que embaralha a vida das duas candidatas diante da opinião pública.
Heloísa Helena tem apoios garantidos de dois candidatados derrotados no primeiro turno: Denilma Bulhões (PFL), que tem identidade política ligada ao ex-presidente Fernando Collor, e Albérico Cordeiro (PTB-PMDB-PSDB), que teve quase 19% dos votos, apesar de ter sua candidatura identificada com o governo Suruagy, que não paga salários há cinco meses ao funcionalismo público.
O mesmo "drama" vive Kátia Born, que já recebeu o apoio do primo de Collor, vereador eleito Francisco Mello (PMN), e de Pedro Vieira (PMN), outro candidato derrotado no primeiro turno e candidato do ex-presidente afastado.
O ex-comandante da Polícia Militar, coronel Milton Rocha (PMN), 1º suplente de vereador, definiu bem o quadro gerado pela bolsa de apoios esquisitos no segundo turno local: "Direita e esquerda estão vivendo o autêntico 'se ficar o bicho pega, se correr o bicho come"'.

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