São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ferida a bomba luta na Justiça há 19 anos

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

As comemorações de 50 anos da PUC de São Paulo, este semestre, trouxeram à tona um já antigo caso de luta na Justiça pelo reembolso de despesas hospitalares decorrentes de ferimentos provocados por bombas da Polícia Militar.
Na noite de 22 de setembro de 1977, Maria Cristina Raduan, então no último ano do curso de ciências sociais, participava na PUC de um ato público contra uma série de prisões que a Polícia Militar havia feito de manhã, em manifestação semelhante na Faculdade de Medicina da USP.
Comandada pelo então secretário da Segurança Pública de São Paulo, coronel Erasmo Dias, a Polícia Militar dispersou o ato com bombas e pouco depois invadiu a universidade -onde a União Nacional dos Estudantes realizava uma reunião secreta.
"As pessoas entraram em pânico. Saí correndo, mas caí. Duas bombas caíram perto da minha perna e a minha roupa pegou fogo. Tentei correr, mas os guardas vieram e ainda me bateram", conta Maria Cristina.
Ela foi levada pela PM para a Santa Casa. Foi internada com queimaduras nos braços e pernas. Ficou dois meses internada e fez sete cirurgias de enxerto de pele na perna. Outras três estudantes também saíram feridas na ação da polícia.
Em 1980, Maria Cristina e duas das feridas entraram com uma ação contra o Estado de São Paulo para serem indenizadas. Em 1983, a Justiça deu a sentença.
Por ser casada na época, Maria Cristina ganhou o direito de receber, em dobro, todos os gastos hospitalares decorrentes do ferimento. As outras duas, solteiras, receberam ainda um dote.
Aí começou a parte mais lenta do processo: definir quanto seria pago a elas. No início desta década, as outras duas feridas conseguiram, finalmente, começar a receber o dinheiro. O processo de Maria Cristina complicou porque seus registros no Hospital Santa Isabel desapareceram.
Atualmente, o processo tem a avaliação de um perito sobre quais teriam sido esses gastos, e o Estado deve avaliar se concorda. Mas isso pode levar ainda muitos anos.
"O governador Mário Covas, que tem uma trajetória democrática, precisa dar um tratamento diferenciado para esse caso, precisa tirar da burocracia. Isso faz parte da história da PUC", afirma o reitor, Antonio Carlos Ronca.
(FR)

Texto Anterior: MEC faz Censo do Professor no Nordeste
Próximo Texto: Indústria lança documento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.