São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Grupos Krupp e Acesita acertam parceria

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A ESSEN (ALEMANHA)

O grupo alemão Krupp espera concluir até o final do ano uma parceria com a Sifco do Brasil, do grupo Acesita, para ampliar sua presença no mercado de autopeças no país.
A informação é de Ulrich Middlemann, responsável pela estratégia de fusões e aquisições internacionais da Fried, Krupp AG Hoesch-Krupp, uma das três maiores empresas metalúrgicas e de siderurgia do mundo.
Middlemann disse, em entrevista na sede da Krupp na Villa Hugel, em Essen, que o grupo alemão, cujo faturamento mundial alcançou US$ 8,8 bilhões no primeiro semestre deste ano, quer ampliar sua atuação no Brasil na esteira do "grande sucesso" do Real.
O grupo está no Brasil através de uma subsidiária, a Metalúrgica Campo Limpo, em São Paulo, responsável por 2% (US$ 320 milhões) do faturamento mundial da Krupp no setor de autopeças.
"Estamos muito satisfeitos com as nossas atividades no Brasil, onde foram plantadas com o regime neoliberal uma base sólida para uma economia florescente."
Sem entrar em detalhes sobre as condições da associação com a Sifco, Middlemann disse que a Krupp está prestes a fechar um acordo com a Acesita para uma fusão das operações de produção no país de peças forjadas (virabrequins e molas) para a indústria automotiva.
"Esperamos faturar pelo menos mais US$ 150 milhões por ano com a nossa parceria com a Sifco."
Middlemann afirmou ainda que o maior desafio empresarial no Brasil pós-Real é a busca de eficiência e produtividade.
"Agora, a redução dos custos e o aumento da produtividade são as palavras-chave porque não dá mais para passar custos para os preços", disse.
Middlemann informou que o grupo Krupp está ampliando suas atividades mundiais para fugir do chamado "custo Alemanha", termo que define o alto custo da mão-de-obra na Alemanha.
O Brasil, disse, embora não tenha mais um dos menores custos de mão-de-obra do mundo, é um dos países preferidos para novos investimentos da Krupp devido ao potencial de crescimento do mercado interno e de exportações para demais países latino-americanos.
Um estudo recente sobre as operações mundiais da Krupp revelou que o custo de mão-de-obra é mais barato atualmente na Hungria, México e República Tcheca, onde é de apenas US$ 1,30 por hora.
No Brasil, esse índice é de US$ 8,50; nos EUA, US$ 14,5 e na Alemanha chega a US$ 30 por hora.

O jornalista Antonio Carlos Seidl viajou a Alemanha a convite da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, de São Paulo.

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