São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996 |
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Derrota é reflexo da postura de Parreira
ALBERTO HELENA JR.
Mas a entrada de França no lugar de Valdir, no fim da partida, equivale a um pedido de demissão. Afinal, mesmo que França só tivesse energia para jogar cinco minutos, Valdir, que amargara um penoso exílio ao longo de todo o jogo, jamais poderia ter saído. Claro que a expulsão de Denílson contribuiu para a virada do Atlético. Mas não foi decisiva. Decisiva é a postura do técnico que se reflete no comportamento do time: fez um gol de pênalti no minuto inicial e passou o resto do tempo lá atrás, defendendo-se, como um time de segunda categoria. Quem sabe não esteja aí a raiz da indisciplina dos seus jogadores: proibidos de chutar a gol, chutam o adversário. * Doze minutos de vacilo e, pronto, lá se foi a invencibilidade palestrina, neste sábado: 2 a 0, para o Atlético-PR. Mas restou a dignidade de um time com alma de campeão, posto que o Palmeiras, em seguida, investiu sobre o adversário. Só não virou por fatalidade. Pelo menos no primeiro tempo, quando as chances se sucediam com a mesma velocidade com que se esvaíam. Depois, sobreveio o desespero e, no finalzinho, a expulsão de Djalminha, vítima de nefanda campanha moralista desde o jogo contra o Bragantino, quando teve um bate-boca com o zagueiro Marcão. Porém, mais que a derrota palmeirense, vale exaltar a vitória atleticana, em louvor à excelência de seu futebol que, sem ser espetacular, é extremamente eficiente. A começar pelo talento e pela diligência desse polonês, Piekarski, que arma todas as jogadas de meio-campo, e terminando com essa dupla de ataque, veloz e contundente: Oséas e Paulo Rink. Rink, com o volume do seu corpo e a fineza de sua canhota, me faz lembrar um pouco de Gianni Riva, ídolo italiano dos anos 70. E Oséas tem traços de Donizete com feitio de Geraldão, aquele do Corinthians, lembram-se? Por falar em Corinthians, está aí uma dupla que cairia como um par de luvas no Parque, para próxima temporada. * Tudo começou assim: uma dividida à qual Ronaldinho fingiu ir, mas não foi; deixou o adversário ser driblado pela própria bola. Tomando-a, partiu, ainda aquém da linha de meio-de-campo. Agarrado pela camisa, arrastou o inimigo no impulso da convicção e da massa física privilegiada. Na confluência de outros dois combatentes, simplesmente pisou na bola e deixou-os lá atrás debatendo sobre a existência do nada. Já na área, livrou-se de um, de dois, do goleiro, e completou com um toque de artista como quem ordena à rede: "Fala!" * Enquanto Ronaldinho vai escrevendo sua legenda na Espanha, Aílton, por aqui, segue abrindo seu caminho em direção à fama, com gols como o de sábado, precisa e fatal virada de esquerda que nem o olho implacável da câmera pôde captar na sua totalidade. É que a fita de VT é composta de "frames", não frêmitos, como o caso exige. Texto Anterior: Barrichello termina ano em 8º Próximo Texto: Corinthians desencanta e faz 3 a 1 no Fluminense Índice |
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