São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Hayes contém balanço

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

Isaac Hayes sabia que ia tocar para uma platéia sentada e moldou seu show de sexta para que assim fosse. Cantou poucas e longas músicas, quase todas lentas, sofisticadamente pomposas, embaladas em insuperável vozeirão gravemente prejudicado pela qualidade nula de som no Main Stage.
O erro de concepção foi da organização do festival. Hayes merecia que mesas e cadeiras fossem abandonadas. Isso ele provou nas poucas peças balançadas que incluiu.
Uma baterista ensandecida e duas vocalistas -uma delas loura encaracolada na melhor tradição "ovelha"- secundavam-no na conquista das atenções, em coreografias kitsch que só não roubaram o show porque Isaac é Isaac.
Só ao final, em "Theme from Shaft" (71), Hayes levantou-se de seu teclado e encenou o clímax do show. A música, até hoje seu maior sucesso, nunca foi a melhor de suas composições, mas se tornou mesmo peça-chave -Hayes virou maestro, ordenando com os dedos a quantidade de pulsos que a banda devia cumprir.
No recheio, o "Memphis Soul" tranquilão do veterano por vezes levantou balbúrdia na platéia. Ele, frio e distante como talvez convenha a um perfeito profissional, cumpriu seu papel -sem emoção, mas com perfeição.
(PAS)

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