São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Peres diz que entregaria Hebron, se eleito

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder da oposição israelense, Shimon Peres (trabalhista), se encontrou ontem com seu aliado Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, e disse que teria entregue a cidade de Hebron aos palestinos se tivesse vencido as eleições.
Foi uma crítica velada ao premiê conservador Binyamin Netanyahu, que se recusa a entregar a cidade enquanto não se convencer de que seus 400 habitantes judeus têm segurança em Hebron em meio a 100 mil árabes.
A entrega da cidade está prevista nos acordos firmados nos EUA entre israelenses e palestinos ainda no governo do Partido Trabalhista, de Peres. Após o assassinato do premiê Yitzhak Rabin, em novembro passado, Peres assumiu o governo e adiou repetidas vezes a retirada de Hebron.
Ontem, repórteres perguntaram a ele se não se arrependia de não ter devolvido a cidade: "Arrependo-me de não ter sido eleito", respondeu Peres, completando que entregaria Hebron se tivesse um novo governo.
"Em Israel e no mundo árabe, são cada vez mais aqueles que compreendem que não há alternativa ao processo de paz", disse.
Foi o terceiro encontro entre Peres e Arafat, ganhadores do Prêmio Nobel da Paz, desde que o israelense perdeu as eleições. A reunião aconteceu em Nablus, cidade sob administração palestina. Seus habitantes sofrem restrições de circulação por parte de Israel.
Segundo a imprensa israelense, Netanyahu aprovou o encontro. O primeiro-ministro está cada vez mais isolado pelos países árabes e pela oposição interna.
Hebron é hoje o principal ponto das incipientes negociações de paz entre palestinos e israelenses. Uma nova rodada, marcada originalmente para hoje, foi adiada para amanhã, no balneário egípcio de Taba (mar Vermelho).
As negociações vão passar a acontecer alternadamente em Taba e Eliat (balneário israelense). O adiamento foi pedido pelos EUA, mediador dos encontros, para que pudesse conhecer melhor as propostas dos dois lados.
O negociador palestino Saeb Erekat disse que as negociações não tiveram "nem uma polegada de progresso" e pediu pressão americana sobre Netanyahu.
Já o chanceler de Israel, David Levy, afirmou que as negociações "avançam em um bom ritmo".
O ministro das Relações Exteriores disse estar "otimista, apesar do clima tenso nas negociações".
O ministro da Informação da Jordânia, Maruan Muasher, disse ontem que Israel "não só falhou ao implementar os acordos como, o que é mais perigoso, se mostrou disposto a rever todos os acordos passados".
A declaração indica que a Jordânia está se afastando mais de Israel, de quem se tornou aliada com um acordo de paz, em 1994.
O rei Hussein também condicionou o sucesso do processo de paz à rápida entrega de Hebron. "A paz estava ameaçada e ainda está."

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