São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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PPB tenta evitar racha sobre a reeleição

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dividido sobre a eleição presidencial de 1998 e sem um consenso sobre as chances da candidatura do prefeito paulistano Paulo Maluf ao Planalto, o PPB só decidirá em dezembro se votará contra ou a favor da possibilidade de reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
O terceiro maior partido do Câmara dos Deputados reúne amanhã sua Executiva Nacional, mas vai limitar-se a confirmar a indicação (até o dia 26) de seus seis representantes na comissão especial que vai debater a reeleição.
O PPB tem 90 dos 308 votos necessários na Câmara para a mudança na Constituição. Para não expor as divergências internas em plena campanha municipal, a Convenção Nacional do partido só ocorrerá daqui a dois meses.
A eventual eleição de Celso Pitta no segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo "aumentará o prestígio" de Maluf, segundo o presidente licenciado do PPB, senador Esperidião Amin (SC), mas não significará, automaticamente, a oposição do PPB ao projeto de reeleição.
Amin
Amin só pensa agora em evitar o racha do partido. O senador já comunicou a FHC que o partido adiaria uma definição interna sobre o tema e insistiria na tese do referendo popular.
"O partido não quer ficar de fora do debate, ir para a marginalidade, mas quero evitar a discussão do mérito agora para não quebrar o partido", afirmou o senador.
Amin avalia que FHC será o candidato mais forte na disputa de 1998, caso o projeto de reeleição seja aprovado -o que seria um "problema" para a eventual candidatura Maluf.
"O Plano Real é um patrimônio político pessoal e intransferível do presidente. Se caminharmos no sentido do crescimento econômico e de mais emprego, poderemos repetir aqui o que aconteceu na Argentina e perguntar: 'Hay mejor'?", disse o senador.
Argentina
Na Argentina, o presidente Carlos Menem conseguiu mudar a Constituição e se reeleger no ano passado.
Amin insistiu em que não faz parte da "índole" do PPB torcer contra o governo do qual o partido participa, com Francisco Dornelles no Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. "Partido que participa de um governo não deve ser hostil", afirmou.
Foi por isso que o PPB concordou em indicar seus representantes na comissão especial que dará início oficialmente ao debate da reeleição.
Amin disse que a posição foi acertada com Maluf: "Combinamos que o partido não se definiria antes de 15 de novembro", contou.

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