São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Duda acertou, nós erramos
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Os jornalistas nos queixamos, durante a campanha eleitoral, que havia excesso de Duda Mendonça e escassez de Celso Pitta, para ficar no exemplo mais gritante de predomínio do marketeiro sobre o candidato.A Folha de domingo prova que Duda estava certo e nós, errados. Por partes: 1 - com a habitual competência, José Roberto de Toledo demonstrou que habitação é um dos grandes dramas de São Paulo. Talvez não seja novidade, mas o simples fato de se pôr no papel que há mais favelados na cidade do que toda a população de Campinas, a segunda maior do Estado, já é de formidável impacto. 2 - O que faz um publicitário, como Duda, ante tal evidência? Apresenta a sua resposta para o drama, no caso, o Cingapura. Claro que só um marciano poderia esperar que Duda Mendonça apontasse todos os defeitos do Cingapura, tal como o fez a Folha no domingo. 3 - Quando se trata de publicidade comercial e não política, o consumidor tem uma defesa, o Procon, para verificar se o que se anuncia é ou não propaganda enganosa. 4 - No caso de propaganda política, o Procon é (ou deveria ser) a mídia. Se falha houve, portanto, não foi do Duda, mas dos jornalistas. O que é até simples de explicar, embora não justifique nada: política é como futebol. Todos entendem ou acham que entendem, inclusive os jornalistas. Já administração é outra coisa bem mais complexa, até por envolver uma multiplicidade de aspectos (das finanças à habitação). Nem nós, jornalistas, com a arrogância de que nos revestimos quase sempre, ousamos achar que entendemos de administração, salvo um ou outro iluminado. A Folha fez o seu papel de Procon, domingo, em relação à habitação e o fará em outros campos. É a única forma de pôr os Duda Mendonça na devida perspectiva. Texto Anterior: O INIMIGO NA SOCIEDADE Próximo Texto: FHC 2 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |