São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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Retenção de café eleva lucro do produtor

DA REPORTAGEM LOCAL

O cafeicultor que tiver fôlego para segurar café até o início de 97 poderá contar com um adicional no preço de até US$ 30/saca.
Esse acréscimo é estimado pelo presidente da Febec (Federação Brasileira dos Exportadores de Café), Oswaldo Aranha.
Ele baseia sua previsão em três fatores. A produção mundial não cresceu, os estoques estão menores e o consumo de café continua aquecido.
A OIC (Organização Internacional do Café) prevê um crescimento anual de 2,5% no consumo da bebida nos próximos dez anos.
O que preocupa o presidente da Febec no momento é a possibilidade de, no próximo mês, ocorrer um excesso de oferta decorrente do início das safras da Colômbia e da América Central.
Sem arriscar uma projeção sobre os preços nos próximos meses, o corretor Eduardo Carvalhaes Júnior, de Santos (SP), também acha que os indicadores apontam para uma alta nos próximos meses.
Mas ele alerta para a ação dos fundos de investimento na Bolsa de Nova York, que nos últimos cinco anos tiveram uma atuação muito forte.
"Os fundos nem sempre seguem os fundamentos físicos do mercado, podendo alterar o patamar de preços a qualquer momento", diz.
Tanto Carvalhaes como Aranha, da Febec, avaliam que o governo terá que aumentar de forma expressiva a oferta de café nos leilões no final do ano.
Oswaldo Aranha prevê que o governo deverá colocar 2 milhões de sacas nos leilões, a fim de evitar desabastecimento no mercado interno e permitir aos exportadores que cumpram o compromisso de embarcar 15 milhões de sacas na safra atual.
O compromisso foi firmado junto à APPC (Associação dos Países Produtores de Café).
Para Gilson Ximenes, presidente do CNC (Conselho Nacional da Cafeicultura), os preços atuais poderiam ser mais elevados se houvesse recursos para financiar a comercialização.
Segundo o Escritório Carvalhaes, os melhores cafés estavam sendo negociados semana passada entre R$ 118 e R$ 122/saca, 6,3% menos que em igual período de 95.
Ximenes diz que, descapitalizado, o cafeicultor está vendendo a safra de forma mais acelerada que no passado.
Para contornar o problema da escassez de crédito barato no país, Ximenes aponta o bônus-café como um instrumento que facilitaria a captação de recursos externos.
Por meio desse bônus, os estoques do Funcafé (Fundo de Defesa da Cafeicultura) seriam oferecidos como garantia para a concessão aos produtores de empréstimos externos, com prazos de dois a três anos e juros inferiores aos praticados no país.

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