São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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Senado só debate mudança após 2º turno das eleições

Líderes governistas temem desgaste político

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reforma da Previdência Social só começa a ser discutida no Senado após o segundo turno das eleições municipais. Os líderes governistas decidiram adiar a discussão porque consideram o assunto polêmico demais para ser tratado no período eleitoral.
Até mesmo a designação do relator da emenda constitucional da reforma previdenciária vai ficar para depois de 15 de novembro. A decisão dos líderes foi comunicada ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso pelo líder do PSDB, Sérgio Machado (CE).
"Vamos aguardar mais 30 dias para terminar o calendário eleitoral. Assim, ganhamos tempo para fazer uma discussão com mais profundidade", disse o líder.
FHC vinha pressionando o Senado a apressar a tramitação da reforma da Previdência. A emenda foi aprovada pela Câmara em julho último e, desde então, está engavetada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, aguardando acordo entre as lideranças.
Machado já foi escolhido pelos líderes como o relator da matéria, mas ainda não foi designado formalmente. O próprio FHC quer que ele assuma a relatoria. Mas o tucano disse ontem que o cargo pode ser de outro senador.
A verdade é que a reforma da Previdência vem sendo tratada no Senado como um problema. O assunto é polêmico e considerado impopular pelos parlamentares. Por isso, os senadores não querem iniciar a discussão durante o processo eleitoral.
"Em nenhum país do mundo se coloca um assunto polêmico em discussão durante o período eleitoral", disse Machado.
O fato de a Câmara ter decidido retomar a tramitação da reforma administrativa não surpreende o líder tucano. Segundo ele, os dois assuntos são totalmente diferentes, porque a reforma previdenciária é muito mais polêmica do que a administrativa, já que mexe com toda a população.
O Senado vai alterar o projeto aprovado pelos deputados. A intenção dos líderes é corrigir o que consideram distorções do texto da Câmara -como a manutenção de aposentadorias especiais-, para retomar os objetivos do projeto original do governo. Por isso, o projeto voltará à Câmara para nova votação.

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