São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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PF descobre mais 1.635 contas suspeitas

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A PF (Polícia Federal) descobriu mais 1.635 contas correntes do Banco Nacional iguais às 652 contas em que foram detectados supostos créditos fictícios no valor de R$ 5,3 bilhões.
Algumas dessas novas contas encontradas pela PF recebiam no sistema de informática do Nacional a senha de "marreta do Omar".
Omar Bruno Correa, gerente de Controladoria do Nacional, era um dos funcionários de confiança do ex-vice-presidente de Controladoria Clarimundo Sant'Anna e está indiciado pela PF.
O indiciamento significa que o delegado vê indícios de autoria de crime por parte do indiciado.
Além de Correa, eram pessoas de confiança de Sant'Anna os gerentes Antônio Nicolau Feijó, também indiciado, e Mário Sérgio Auler, que não foi ouvido pela PF.
Investigação
Com a descoberta das novas contas cai por terra, segundo os investigadores, a tese de que poucas pessoas sabiam de sua existência.
O envolvimento de diretores e gerentes do Nacional das áreas que faziam parte do esquema de créditos fictícios (principalmente Controladoria e Auditoria) está sendo investigado pela PF.
A PF e o MP (Ministério Público) trabalham com duas hipóteses quanto ao aumento do número de contas correntes que podem conter créditos fictícios.
A primeira é que as contas teriam sido fundidas em um certo momento para facilitar as operações.
Como nem o BC (Banco Central) nem a PF sabiam da existência dessas contas, pensava-se que os créditos fictícios teriam um peso de 20% nos créditos totais do banco entre 87 e 88 e que eles teriam chegado a 90% no fim do ano passado.
Nessa hipótese, o valor poderia ser maior desde o início, o que o BC desconhecia pelo fato de acreditar que os créditos fictícios se restringiam às 652 contas.
A segunda hipótese é que as contas serviriam para maquiar outros registros de contabilidade, e não apenas o balanço do Nacional.
Márcio Costa, assistente do advogado do Nacional, Sérgio Bermudes, disse que só poderia comentar o assunto depois de ter conhecimento das investigações realizadas pela PF.
Depoimentos
Ontem, o ex-presidente do BC Fernão Bracher pediu adiamento de seu depoimento. Ele será interrogado em São Paulo, por intermédio de carta precatória.
Hoje, está marcado o depoimento de outro ex-presidente do BC, Francisco Gros, que também pode pedir adiamento à PF.

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