São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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Viva! Viva! Viva! Modelito pele e osso já era!

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Agora que tudo voltou aos trinques e já podemos festejar a recuperação de Cláudia Liz, é hora de discutir o interesse que o caso despertou.
Quando ela estava na UTI, disse a um amigo, que me trouxera notícias suas: "Já imaginou se a Claudinha pudesse ver seu nome, dia após dia, nas primeiras páginas dos jornais? Já pensou se ela soubesse o que tem de gente que gosta dela?"
O amigo viera me contar o episódio que, segundo ele, teria motivado a lipo: "Dias antes da operação ela me confidenciou ter ficado super deprê com o comentário publicado na 'Elle' de que ela estava acabada para a moda, que tinha virado clone da Linda Conde".
Dinamarquesa e mulher do banqueiro do BCN, Armando Conde, Linda está longe de ser um bagulho. Na juventude também foi modelo e chegou até a fazer uma ponta no filme "Mon Oncle", de Jacques Tati. Hoje, avó, pode se permitir ostentar uns quilinhos a mais.
Cláudia e Linda se parecem fisicamente. Mas compará-las é maldade de quem não tem nada de bom a dizer sobre gente mais afortunada.
Eu mesma fui convidada a participar de um, na sexta, promovido pela revista "Mais Vida", que acaba de ser lançada e tem como proposta justamente ir contra a beleza conquistada à base de refeições compostas por duas folhas de alface e um copo d'água.
O bafafá todo em torno de Cláudia só pode significar uma coisa: que esse negócio de mulher pele e osso já era.
Nos EUA, a questão vem sendo discutida há algum tempo. Lá se fala em censurar, curto e grosso, editoriais de moda com mulheres com o mesmo peso de um bassethound.
Já não era sem tempo. Em nome da saúde, agora se pensa em rever o protótipo das bonecas infláveis vendidas em publicações como a "Playboy", sem estrias ou perebas. Na Inglaterra, a culpada pela escravização da cintura da mulher foi a modelo dos anos 60, Twiggy. Ou será que alguém conhece país no mundo onde a anorexia é mal tão comum em adolescentes quanto o acne?

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