São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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O jornal sou eu

GILBERTO DIMENSTEIN

Principal jornal do mundo, "The New York Times" começou esta semana a distribuir uma edição especial para cada leitor. É como encomendar roupa ao alfaiate.
O leitor informa à redação seus assuntos preferidos e o jornal chega em sua casa com páginas exclusivas. Se ele tem interesse especial no Brasil, por exemplo, ali estarão separadas todas as reportagens que citem o país em política, economia ou artes.
O problema do alfaiate é que exclusividade custa caro e demora. Mas com o auxílio de novas tecnologias, os jornais são capazes de produzir informação exclusiva, entregue na hora e ainda com baixo custo.
A informação chega de madrugada ao computador do assinante. Basta apertar um botão e aparece na tela a edição personalizada. O leitor via Internet está dispensado de ler todas as páginas até chegar aos seus temas preferidos.
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Não é uma aventura. Jornais como "The New York Times" ou "The Wall Street Journal" não são o que se poderia chamar de imprensa alternativa. Eles estão investindo pesado na caça desesperada de leitores, já que sua circulação em papel está caindo.
No caso do "The Wall Street Journal", mais importante jornal de economia do mundo, o leitor lista, por exemplo, não apenas os assuntos, mas as ações da Bolsa de Valores que gostaria de acompanhar de perto.
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Os dois jornais dão o mesmo recado que a calça Levi's -isso mesmo, a calça jeans.
Nada mais massificado do que jeans, usado por Bill Gates, passando por Bill Clinton, até o operário mais humilde. Em Nova York, algumas lojas já oferecem calça Levi's sob medida, graças à rapidez dos sistemas computadorizados.
O recado da calça e do jornal exclusivos é que, ao contrário do que se dizia, a sociedade de massas está correndo atrás dos indivíduos um por um e não mais de todos ao mesmo tempo.
Agora é possível encomendar produtos e informações personalizadas, mesmo sem pertencer à elite.
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Dica para os alunos de comunicação. São interessantes os debates nas faculdades de jornalismo nos Estados Unidos sobre como as novas tecnologias deverão mudar a cara da mídia.
Recomendo consulta ao Centro de Novos Meios de Comunicação, laboratório de novas tecnologias para a difusão da notícia; faz parte da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, considerada a melhor dos EUA.
Eles estão montando uma redação experimental, que integra numa única sala todos os meios de comunicação: rádio, jornal, televisão e Internet. Quem quiser mais detalhes, digite www.cnm.columbia.edu/

PS - A Escola de Jornalismo Columbia tem um curso de quatro meses apenas sobre infância. A Fundação Kellog estuda a possibilidade de mandar anualmente para cá um jornalista brasileiro para fazer parte deste programa.

E-mail GDimen@aol.com
Fax (001-212) 873-1045

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